Sexta 19 de Abril de 2024

Nacional

Contra fome, emprego para todos!

05 Mar 2003   |   comentários

Nosso novo jornal se dirige aos trabalhadores e à juventude explorada e oprimida. A classe patronal, com seus massivos meios de comunicação, publica sua propaganda para continuar sustentando este sistema de exploração dos trabalhadores. Eles criam o desemprego e a miséria, tudo para salvar seus lucros, para que suas propriedades não sofram limites. A fome dos pobres, dos que produzem a riqueza dos outros, isso não importa. O que importa para eles é manter o sagrado e inviolável princípio da propriedade privada.

Enquanto os patrões têm sua própria imprensa, bancada pelos grandes empresários nacionais e multinacionais, têm milhões de dólares e o apoio incondicional do Estado para manter suas grandes empresas de comunicação massiva, como se demonstrou na caso do consórcio O Globo em que o governo perdoa milhões de dólares em dívidas; os trabalhadores não têm onde denunciar sua miséria e exploração. A liberdade de imprensa dos grandes comerciantes industriais e publicitários se cotiza a milhares de dólares por página preto e branco e muito mais o centímetro quadrado de texto e ilustração. A liberdade de imprensa dos Mesquita, dos Marinhos, dos Farias, e tantos outros, custa milhões de dólares dos investidores financeiros de suas empresas, do que recebem dia a dia dos grandes empresários industriais, dos subsídios do governo, do que extraem da exploração de seus próprios trabalhadores. A liberdade de imprensa, dentro da lógica capitalista, não é mais do que outra mercadoria. Enquanto para os trabalhadores, se já nos extorquem com nossos salários de miséria, é praticamente impossível termos nossa própria imprensa para falar nossa verdade.

Por isso queremos fazer um jornal operário revolucionário que exponha a verdade da vida dos trabalhadores e dos jovens explorados, e que suas páginas estejam abertas para denunciar a exploração a que somos submetidos dia a dia, também para difundir todas as nossas experiências de luta e que saída propomos frente à crise e a catástrofe social a que têm levado o país. Por isso queremos colocar à disposição dos trabalhadores a maioria de suas colunas e seus melhores argumentos para combater este sistema. Que defenda os interesses dos operários, oprimidos e lutadores com o ponto de vista marxista-revolucionário. Um jornal como instrumento de propaganda e agitação da teoria, programa e táticas do marxismo revolucionário no combate por uma “nova” subjetividade de ruptura com o reformismo e, também, com o centrismo que se adapta às “organizações” tradicionais reformistas.

Os que fazemos este jornal somos internacionalistas. Esta não é para nós uma frase convencional, é a própria essência de nossas convicções. A libertação dos trabalhadores só é possível mediante a revolução internacional, dentro da qual as revoluções nacionais se enquadram como círculos sucessivos. Nosso único objetivo é a libertação da classe operária. Para alcançar esse fim, não vemos outro caminho que não o derrocamento revolucionário da burguesia e a instauração de um governo operário e camponês. Neste sentido, temos que dar continuidade à tarefa histórica de fundar uma organização social na qual a classe trabalhadora, exercendo o poder a partir dos organismos de massas criados por ela mesma, coloque toda a produção social a serviço das necessidades humanas, assentando as bases para a extinção do Estado e a construção de uma sociedade de homens livres e produtores.
Por isso é que reafirmamos que a construção de um forte partido revolucionário no Brasil está ligada à luta pelo desenvolvimento de organismos de auto-organização das massas, nos moldes dos conselhos operários ou soviets. A liquidação dessa estratégia leva ao desvio da luta pela construção do partido revolucionário, construindo, ao contrário, organizações que não passarão de novos obstáculos para as massas. Construir esse grande partido revolucionário dos trabalhadores será também um impulso importante para a construção do partido mundial da revolução socialista, pois seria uma formidável vitória para todos aqueles que se consideram parte da tradição revolucionária da III Internacional antes de sua degeneração e da IV Internacional fundada por León Trotsky.

Este primeiro número o publicamos em momentos cruciais da situação política internacional. No cenário mundial, os tambores de guerra ecoam com mais força quando a maior potencia imperialista prepara sua ofensiva militar contra Iraque. As grandes potências se dividem entre os que querem a guerra com ou sem a aprovação das Nações Unidas, e os que só a aceitam sob uma resolução desta. O governo de Lula se alinha com os países como Alemanha e França, sob o argumento de que só se pode atacar com a autorização das Nações Unidas. Como se o massacre não fosse o mesmo com ou sem a benção desse órgão imperialista. “O caráter de uma guerra não se define pelas falsificações diplomáticas, mas pela classe que a conduz e os fins concretos que procura com ela. As guerras dos Estados imperialistas, acima de quaisquer pretextos e de sua retórica política, são opressivas, reacionárias e vão contra o povo” . Nós dizemos, não à guerra com ou sem aprovação da ONU, e nos colocamos na primeira fileira para parar esta guerra imperialista de opressão nacional, e lançamos nosso grito: paremos esta guerra com a greve geral global, boicote completo à produção de armamento e ao transporte de armas em qualquer lugar do planeta. Por isso, neste primeiro número damos destaque à situação mundial; queremos explicar com palavras simples os “segredos” da política internacional, e como nas grandes discussões das potências imperialistas ao final das contas se discute o futuro da classe operária. Damos destaque às grandes mobilizações no mundo, na Europa, nos Estados Unidos, nos países da à sia e do mundo à rabe, e na América Latina, damos destaque à luta da mulher contra esta guerra, e colocamos como é possível parar essa guerra. Mas dizemos que “a luta contra a guerra é inseparável da luta de classes do proletariado. Uma irreconciliável consciência de classe é a primeira condição para o êxito da luta contra a guerra” .

Na América Latina, os trabalhadores e o povo pobre continuam se rebelando contra os planos de miséria. Colocamos nesta primeira edição as grandiosas jornadas revolucionárias que protagonizaram nossos irmãos trabalhadores da Bolívia que tem ferido mortalmente o governo pró-imperialista de Sanchez de Losada. Também destacamos a situação da Argentina, onde se prepara a maior farsa da historia, com eleições fraudulentas como nas piores épocas oligárquicas e ditatoriais do século passado, onde se proscreve ao movimento de massas que se levantou em 19 e 20 de dezembro de 2001 com o grito de “que se vayan todos” .

Frente à nova situação nacional e a dois meses e meio de um governo eleito por mais de 52 milhões de votos e com grandes ilusões e esperanças de mudança, nenhuma medida foi tomada a favor do povo. Muito pelo contrário, o aumento da carestia de vida tem crescido como nunca tinha se visto, aumento de tarifas públicas sem precedentes, um arrocho salarial profundo, enfim continua aumentando a miséria, enquanto isso o governo de Lula continua acordando os planos impostos pelo FMI, reduzindo o emprego e realizando o maior corte orçamental para poder pagar a fraudulenta dívida externa. O plano de “fome zero” não passa de uma política de marketing e de forte cunho assistencialista naqueles pequenos povoados do interior a que tem chegado. Para cumprir os contratos com o Tio Sam, se avança num conjunto de reformas que não significam outra coisa senão tirar conquistas históricas dos trabalhadores e do povo ao longo de décadas. Neste jornal fazemos uma análise aprofundada desses meses de governo, e a política que é necessário que seja levantada pela classe operária e pelo povo.

No campo, a situação é de tanta miséria, que por muito que a direção do MST queira evitar as ocupações não tem conseguido, renascendo assim uma série de conflitos de camponeses sem-terras exigindo uma solução rápida a suas demandas. A direção do MST, que participa em cargos de segundo escalão no governo de Lula, ocupando cargos importantes no Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA) tenta parar este novo ressurgir de lutas no campo, um dia fazendo discurso governista, outro falando de autonomia com respeito ao governo, como forma de contenção.

Nestas páginas, damos conta desta situação no campo e apontamos o caminho que devem seguir os camponeses sem-terras em uma luta conjunta com os trabalhadores agrícolas e o movimento operário das cidades.

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