Quinta 28 de Março de 2024

Internacional

NOSSA CONDENAÇÃO AO ATENTADO EM PARIS

Contra a loucura reacionária e obscurantista, contra a união sagrada e islamofóbica

07 Jan 2015   |   comentários

Com dor e assombro tomamos conhecimento do atentado ocorrido esta manhã contra a redação do Charlie Hebdo, reconhecido semanário humorístico progressista.

Com dor e assombro tomamos conhecimento do atentado ocorrido esta manhã contra a redação do Charlie Hebdo, reconhecido semanário humorístico progressista.

Fazemos chegar nossas condolências aos familiares, amigos e colegas dos jornalistas assassinados por um comando de homens armados. Nos manifestaremos na marcha convocada pela CGT hoje em Paris, na Praça da República, às 17 horas.

Segundo alguns testemunhos atuaram em nome do Islã. É o que indica o vídeo “Vingar o Profeta”, seguramente em referência à publicação de caricaturas de Maomé em 2006. Esta publicação provocou inúmeras ameaças.

A comoção cresce nestes momentos entre a população e nos círculos progressistas aos quais estavam ligados os jornalistas. Os militantes comunistas revolucionários não devemos confundir esta comoção e a forma que tentam instrumentalizá-la o governo, o Partido Social-democrata (PS), a oposição de direita e a extrema-direita.

Aqueles indivíduos e seus possíveis cúmplices, encarnam principalmente o obscurantismo mais reacionário e retrógrado. Obscurantismo financiado, direta ou indiretamente, pelas petro-burguesias e petro-monarquias do Golfo aliadas das potências ocidentais que buscam tirar proveito da crise econômica e geopolítica que caracteriza a situação internacional. Este obscurantismo é, por sua vez, alimentado pelos imperialistas que desde 2001intensificam, em nome da “democracia”, uma ofensiva reacionária em toda linha mediante suas intervenções militares, ocupações criminosas e seu apoio à política racista e colonialista do Estado sionista de Israel.

Os atentados e os assassinatos dos jornalistas são um ataque contra as liberdades fundamentais e ao tempo um ataque contra todas as classes populares, começando pelos próprios setores árabe-mulçumanos. Neste momento há um verdadeiro “regime” de todos os partidos burgueses e dos meios de comunicação contra os muçulmanos e a juventude dos bairros populares. Este regime vai tentar explorar estes crimes abomináveis para instalar um clima de medo e pânico e assim fragmentar ainda mais os setores explorados, deixando para a extrema-direita e seus “cães raivosos” o trabalho de apontar o dedo aos “maus franceses”, os muçulmanos, os árabes e os jovens dos bairros populares.

O pior pesadelo seria esta fratura se instalar definitivamente em nossa classe e na juventude. Por isso devemos rechaçar toda união sagrada com as forças do regime, não apenas com o governo Hollande, mas também com as forças “republicanas”, sejam de direita ou “socialistas”. Consequentemente, não participaremos de nenhuma “união sagrada” com os que fazem o jogo do racismo, da islamofobia, da estigmatização do estrangeiro mediante políticas antipopulares implementadas pelos sucessivos governos, e as intervenções imperialistas que foram orquestradas e avalizadas por todos eles.

Os autores das leis racistas e liberticidas são nossos inimigos, os inimigos das classes populares e do movimento operário. Eles querem se aproveitar do atentado e utilizar a bandeira da “democracia” para convocar uma unidade reacionária. Ao mesmo tempo que repudiamos o selvagem atentado e nos solidarizamos com as vítimas, nos declaramos contra toda “união sagrada”, contra o Vigipirate (sistema de alerta antiterrorista que é utilizado de forma racista) e contra a islamofobia, e chamamos a manifestação convocada pela CGT, às 17 horas, na Praça da República.

(*) O Sistema Vigipirate é um sistema nacional de alerta criado em 1978 e atualizado em 1995 para a campanha contra o “terrorismo” islâmico, em 2000 e 2003. Dá direitos de exceção ao governo para mobilizar policiais e militares, controlar identidade e movimentação de pessoas, revistar veículos, restringir estacionamento, militarizar estações de trens, metrô etc. Nota do tradutor.

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