Sexta 19 de Abril de 2024

Nacional

Para unificar, fortalecer e estender as lutas em curso

Construir um Congresso Nacional de delegados de base que supere os obstáculos impostos pelas burocracias sindicais

05 Jul 2004   |   comentários

Atualmente uma importante onda de lutas tem percorrido o país. Os petroleiros paralisaram suas atividades em junho e prometem parar novamente de 13 a 17 de julho. Os estudantes universitários, além de virem travado importantes lutas, como por exemplo as greves das Fatecs e da Unesp em São Paulo e a ocupação da reunião do MEC em Manaus, têm mostrado significativo potencial político em função das discussões nacionais que giram em torno da implementeção da reacionária reforma universitária do governo. Os estudantes secundaristas têm protagonizado mobilizações por todo o país em defesa do passe livre. Tanto universitários como secundaristas têm mostrado uma heróica combatividade no enfrentamento com as forças de repressão, chegando a incendiar carros da polícia nas batalhas de Fortaleza e Florianópolis. E por último, mas não menos importante, os sem-terras têm protagonizado um número recorde de ocupações de terra em abril.

Dentre essas lutas, cumprem um papel de destaque a mobilização dos servidores públicos. Os servidores públicos federais, depois de terem sido derrotados na greve que protagonizaram contra a reforma da previdência no ano passado, este ano novamente saíram à luta em defesa da reposição de seus salários. No estado de São Paulo, uma série de greves tem mobilizado o funcionalismo público: à greve das universidades estaduais paulistas, que já dura mais de trinta dias, somamse a mobilização dos professores e funcionários da educação, dos trabalhadores da saúde e do Judiciário. Nas últimas semanas dezenas de milhares de funcionários públicos saíram às em protesto pelas ruas no estado de São Paulo.

A resposta dos governos às campanhas salariais deste ano foi de 0% de reajuste para quase todas elas. Combinado a isso, são feitas chantagens, como a de Alckmin em São Paulo e a de Lula no governo federal, que se recusa a negociar com os trabalhadores enquanto estão em greve, e após a volta ao trabalho continuam sem atender as reivindicações. Ao mesmo tempo, as direções da CUT, do MST, da UNE e da UBES, quando não boicotam abertamente as lutas em curso, se limitam a negociar migalhas a portas fechadas e pelas costas dos trabalhadores.

Não podemos permitir que os governos e as burocracias sindicais continuem isolando as lutas e que as reivindicações continuem sem ser atendidas. É necessário recuperar os sindicatos das mãos das burocracias traidoras para colocá-los a serviço das reais necessidades dos trabalhadores. É necessário forjar novos métodos de luta, que garantam que as decisões sejam tomadas pelos setores mais explorados e mais combativos da classe.

Nos locais de trabalho, estudo e moradia, e principalmente nas assembléias das categorias mobilizadas, devemos colocar em discussão a necessidade de fortalecer, unificar e estender as lutas em curso. Para tal, de nada servem as unidades feitas entre as cúpulas dos sindicatos, que não resistem às mínimas pressões do governo e da patronal, e na verdade só servem para preparar a negociação de lutar unificados, separando na prática não só uma categoria da outra, mas também os empregados dos desempregados.

É necessário forjar uma unidade que esteja fundamentada nos trabalhadores mais explorados e mais combativos, naqueles que a cada nova mobilização se destacam no enfrentamento com a patronal, a polícia e o governo. É necessário forjar uma unidade que inclua o enorme exército de desempregados que existe no país. Tal unidade deve empregar novos métodos e novas estratégias, que tirem as decisões das mãos das burocracias e coloque nas mãos da democracia direta dos trabalhadores em suas assembléias de base.

Desde os setores mais mobilizados, como é o caso dos funcionários da USP e do Judiciário paulista, devemos chamar a construção de uma greve geral do funcionalismo estadual que busque com os setores em luta em todo o país. E os setores mais mobilizados, não só do Estado de São Paulo, mas nacionalmente, devem impulsionar um amplo Congresso Nacional de delegados de base, com delegados mandatados com as discussões políticas de suas assembléias e revogáveis a qualquer momento por aqueles que os elegeram. Um Congresso que caminhe decisivamente para constituir-se num organismo de expressão da democracia direta dos setores em luta, capaz de unificar, fortalecer e estender as lutas em curso e impulsionar uma ampla Campanha Nacional por Salário digno e Emprego para todos.

Artigos relacionados: Nacional , Movimento Operário









  • Não há comentários para este artigo