CAMPINAS
Começa uma importante campanha contra a terceirização!
17 Sep 2010
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Por: João de Regina
Um grande centro de excelência cientifica! Assim reitores e gestores da Unicamp historicamente tentam apresentá-la. Esse discurso esconde que este centro tem objetivo de produzir tecnologia e conhecimento para empresas. E, de fato, a Unicamp vem cumprindo esse papel mostrando que esse status só pode ser conservado produzindo o que os capitalistas mais desejam: conhecimento para explorar e dividir a classe trabalhadora.
Não satisfeita apenas em vender esse conhecimento, a administração universitária se antecipa e faz de sua própria casa um laboratório. Assim a Unicamp vem se tornando acima de tudo um grande centro de excelência na exploração do trabalho onde as principais metas são: desestruturar o antigo quadro de funcionários que ainda possuem alguns direitos e criar um nicho lucrativo com a exploração direta de trabalhadores e com a economia de gastos com a força de trabalho.
A realidade atual do trabalho na Unicamp é muito semelhante a empresas: crimes trabalhistas; trabalhadores demitidos quase que sem nenhum direito; um contingente de pessoas que perdem seus trabalhos após “falência” das empresas intermediadoras; incontáveis acidentes de trabalho; ritmo de trabalho intenso e opressivo; rotatividade altíssima; salários de miséria; negligência no cumprimento de direitos; repressão e assédio moral.
Hoje a Unicamp chegou a situação gritante de metade de seus postos de trabalho serem terceirizados. Essa realidade mostra que a precarização dos serviços, do funcionalismo público e a redução dos postos efetivos é uma fonte de lucro para o setor privado. Os gestores da Unicamp entenderam bem que não se pode servir aos interesses privados sem impor aos trabalhadores exploração e prejuízo.
É para se opor ao mito do “centro de excelência científica” que se iniciou no mês de setembro uma importante campanha contra a terceirização e precarização do trabalho. Combatendo a suposta imparcialidade acadêmica estudantes e trabalhadores estão se organizando para mostrarem a realidade tenebrosa que essa universidade vem se tornando para a maioria que nela trabalha.
No IFCH aconteceram reuniões com mais de quarenta pessoas, trabalhadores e estudantes, dispostos a se mobilizarem para quebrar a passividade e denunciarem que a terceirização tem significado uma verdadeira destruição dos espaços e serviços públicos como mostra as obras intermináveis, a inundação da biblioteca, os recorrentes problemas de estrutura do Arquivo Edgar Laurenroth, a óbvia insuficiência de quadro de funcionários efetivos.
Com o intuito de se ligar aos próprios trabalhadores terceirizados, se solidarizar com as demandas destes, apoiar suas lutas e se rebelar contra a precarização de todos os trabalhadores e contra a exploração desumana dos terceirizados essa campanha tem um grande potencial de ser um avançado exemplo de luta. Pois ela ousa romper o corporativismo questionando a divisão imposta aos trabalhadores e propondo que os estudantes tomem para si as bandeiras dos trabalhadores.
O fenômeno da terceirização, hoje, é uma cruel realidade em todas estaduais paulistas. Conseguir por de pé campanhas como essa na USP e na Unesp seria um grandioso passo na luta dos trabalhadores contra a divisão de suas fileiras e contra a privatização das Universidades Públicas que empresas e burocracias acadêmicas nos vem impondo.
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