Quinta 18 de Abril de 2024

Gênero e Sexualidade

Rumo ao I Encontro Nacional de Homens Trans:

Colocar de pé um movimento de milhares para arrancar nossos direitos

20 Feb 2015 | Nessa sexta, sábado e domingo acontecerá na USP o I Encontro Nacional de Homens Trans, que contará com a presença de centenas de pessoas de vários estados do país para discutirem temas relacionados à vivência e militância dos homens trans, como saúde, sexualidade, movimento, educação, segurança, moradia e etc. Acreditamos que esse Encontro expresse um avanço na organização da população de homens trans, quase sempre invisibilizada, na busca pelos nossos direitos.   |   comentários

Nessa sexta, sábado e domingo acontecerá na USP o I Encontro Nacional de Homens Trans.

Num cenário de crescentes agressões e assassinatos de LGBTs no país, e com o firme posicionamento de Eduardo Cunha de resgatar projetos arqui-reacionários como o Estatuto do Nascituro (que retrocede no direito ao aborto, inclusive em casos de estupro e não formação cerebral do feto), o “Dia nacional da Heterossexualidade” e a criminalização da “heterofobia”, é muito importante que os setores oprimidos estejam dando um passo tão decisivo quanto este. Por isso, acreditamos que nesse encontro deve se priorizar um debate estratégico de como colocar de pé um movimento de milhares que vá às ruas em busca de nossos direitos contra os governos, Cunha e os acordos com Vaticano e a bancada fundamentalista.

O Encontro que debaterá diversos temas importantes terá um espaço reservado para o debate sobre o Projeto de Lei João Nery, que cada vez mais ganha importância dentro do Movimento LGBT. A lei que garante o reconhecimento da identidade de gênero perante o Estado e garante o direito à livre construção da identidade de gênero, avançando contra a visão que patologiza e impossibilita o indivíduo em decidir os rumos de sua vida e identidade, e retirando diversos elementos burocráticos do processo para a alteração do nome nos documentos oficiais e para o acesso à hormonização e outros procedimentos médicos. Ainda que saibamos que a igualdade na lei não garante igualdade na vida, nos colocamos na linha de frente pela aprovação dessa lei, pois é um passo à frente num país onde se insiste em reproduzir o discurso de que não existe opressão às sexualidades não heteronormativas e identidades trans e/ou não binárias.

Recuperando a história do Movimento LGBT achamos que este I Encontro Nacional de Trans Homens não pode deixar de refletir: quais as lições que as mobilizações de Junho de 2013 deixam para o Movimento LGBT? Como hoje podemos nos ligar aos trabalhadores que no ano passado protagonizaram o maior índice de greves operárias de muitos anos e se enfrentaram com os nossos inimigos, sofreram a mesma repressão policial que tanto conhecemos e entre tantos destes lutadores, muitos eram lésbicas, gays, bissexuais, e mesmo homens trans, travestis e mulheres transexuais?

Nós que construímos a Juventude ÀS RUAS estaremos neste Encontro em defesa de cada direito e contra toda a forma de transfobia e opressão. Acreditamos que num momento nacional como o que vivemos, marcado por muitos ataques aos trabalhadores e ao mesmo tempo surgimento de projetos como o Transcidadania na cidade de São Paulo apontam para uma problemática que o Encontro precisa decifrar: quais os avanços e limites das políticas públicas dentro do regime capitalista? É possível alcançarmos nossos direitos de maneira permanente? Como lutamos por nossa emancipação humana?

Participaremos desse primeiro encontro na perspectiva de conhecer e debater com as pessoas, mostrando uma resposta para essas perguntas a partir de uma estratégia revolucionária para as lutas democráticas da população LGBT e de todos os setores oprimidos, no sentido de mostrar que a única alternativa para dar uma saída aos problemas que enfrentamos é em aliança com a classe trabalhadora, a única capaz de levar até o fim nossas demandas, ou seja, que para conseguirmos arrancar de fato o que é nosso por direito, só com uma luta organizada e independente dos governos, igreja e patrões, e principalmente em aliança com todos os setores oprimidos e explorados.

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