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Movimento Operário

SÃO PAULO

Colisão entre trens do Metrô: mais uma tragédia anunciada!

18 May 2012   |   comentários

A população acompanhou chocada no dia 16 de maio uma colisão de trens do Metrô entre as estações Penha e Carrão, que deixou cerca de 50 pessoas feridas. Esse fato se soma aos acidentes já conhecidos e igualmente graves que houve na construção da Linha 4 Amarela privatizada (a cratera da estação Pinheiros, que deixou 7 mortos) e, para citar um exemplo recente, nos atropelamentos na CPTM que, em uma semana, deixaram o saldo de 5 trabalhadores ferroviários (...)

A população acompanhou chocada no dia 16 de maio uma colisão de trens do Metrô entre as estações Penha e Carrão, que deixou cerca de 50 pessoas feridas. Esse fato se soma aos acidentes já conhecidos e igualmente graves que houve na construção da Linha 4 Amarela privatizada (a cratera da estação Pinheiros, que deixou 7 mortos) e, para citar um exemplo recente, nos atropelamentos na CPTM que, em uma semana, deixaram o saldo de 5 trabalhadores ferroviários mortos. São tragédias anunciadas. Mais uma vez o sucateamento do transporte público, a falta de investimentos por parte do governo do estado e o descaso da direção da empresa privilegiam o lucro e os negócios das empreiteiras e empresas em detrimento da vida dos usuários e funcionários.

Apesar de muitas vezes a própria empresa, o governo e a mídia buscarem culpabilizar os trabalhadores, os metroviários sabem da existência de falhas e sempre alertam a empresa dos perigos que podem trazer. No caso dessa colisão no Metrô, o operador de trem atuou de forma exemplar, evitando o que poderia ser um acidente muito maior, causado por uma falha no próprio sistema. Se este acidente se desse na Linha 4 (privatizada pelo Grupo CCR), onde não existe operador de trem, seria uma verdadeira tragédia. A prova de que o Estado e a direção do Metrô não estão preocupados com a população é o destinamento de milhões dos cofres públicos para a implantação de um sistema que vai aproximar ainda mais um trem do outro e que traz como grande promessa a extinção do cargo dos operadores de trem (o “driverless” e o sistema CBTC). Esse desperdício de dinheiro público é realizado em detrimento da necessária expansão das linhas e sem considerar prioritariamente a segurança dos usuários.

É por isso que dizemos à população usuária do Metrô que só quem defende um Metrô público, estatal, de qualidade e seguro para os usuários, são os próprios trabalhadores metroviários e os usuários, e não o governo ou a empresa. É nesse sentido que nós, da LER-QI, junto a trabalhadores independentes, lutamos para que a direção do nosso sindicato organize as campanhas salariais sem separar – como continua ocorrendo - as reivindicações dos metroviários da luta em defesa dos interesses da população, batalhando contra os absurdos reajustes das tarifas (um dos metrôs mais caros do mundo!) e por um transporte seguro, de qualidade e barato, o que só pode existir com a estatização da Linha 4 e de todo o sistema de transportes a serviço dos interesses da população e dos metroviários e não dos lucros dos empresários representados na direção da empresa e no governo estadual pelos partidos patronais (PSDB, PTB, PSD etc.).

Chamamos a população trabalhadora que utiliza o sistema metroviário em São Paulo a apoiar as demandas dos trabalhadores do setor, lutando juntos por um Metrô público estatal e de qualidade. Nos somamos também as demandas da população por um serviço de maior qualidade, com contratação de mais funcionários, expansão pública das linhas, e redução da altíssima tarifa dos transportes na cidade. Não podemos permitir que o governo e a empresa sejam os responsáveis pela investigação das causas do acidente, pois eles vão encontrar um “bode expiatório” para encobrir suas próprias responsabilidades. Devemos exigir a formação de uma Comissão de Investigação Independente, formada pelo Sindicato dos Metroviários, organizações de direitos humanos, vítimas do acidente e seus familiares, para apurar as causas que levaram a essa tragédia, exigindo também a responsabilização dos dirigentes da empresa e do governo estadual.

Esse acidente é mais uma mostra de como o sistema do Metrô não suporta mais a superlotação e chegou a um ponto de colapso. Os discursos dos governos e partidos da burguesia, que prometem “milagres” para o transporte público para conseguir votos, não passam de uma falácia. A única solução é que, juntos, trabalhadores metroviários e usuários, lutemos pelo controle e administração operária e popular dos transportes para que se coloquem de fato a serviço das necessidades da população. Esta é uma questão de primeira ordem que a direção do Sindicato dos Metroviários deveria levar adiante, convocando sindicatos e organizações populares independentes dos patrões e dos partidos patronais, para dar passos concretos contra os descalabros cometidos pela direção da empresa e pelo governo em nome dos altos lucros para os empresários do transporte que fatalmente nos preparam catástrofes anunciadas.

Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional

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