Quinta 18 de Abril de 2024

Movimento Operário

LANÇAMENTO

Centenas participam da jornada de lançamentos do livro “A precarização tem rosto de mulher”

04 Jun 2011   |   comentários

A jornada de lançamentos do livro “A precarização tem rosto de mulher”, que reconstrói a história de luta das trabalhadoras terceirizadas da Universidade de São Paulo em 2005, teve seu início no dia 08 de abril deste ano. Por uma obra do acaso, mas também comprovando a sua vigência, a primeira apresentação do livro ocorreu em um piquete em frente a Reitoria da USP e contou com um auditório de mais de 400 trabalhadoras terceirizadas que naquele dia se revoltaram e iniciaram uma greve.

Teorizar sobre a classe operária quando esta se coloca como sujeito, reconstruir momentos de uma luta acompanhando o apaixonante processo de avanço da consciência de classe dos trabalhadores, extrair as lições a partir de erros e acertos, mostrar o tortuoso processo de combate à opressão, estes foram alguns dos objetivos da publicação “A precarização tem rosto de mulher”, que logo se colocou à prova em meio a luta das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da UNIÃO. O que acontecia naquele momento era a necessidade concreta de encarar a teoria como “guia para ação”, e não como letra morta ou conhecimento a acumular.

Parte da estratégia que se expressou nesta luta, da combinação entre os trabalhadores terceirizados, os estudantes, os intelectuais, um Sindicato combativo como o Sintusp composto em seu interior por um núcleo de revolucionários da LER-QI, foi o que buscamos expressar nas mesas posteriores de lançamento deste livro, que reuniram centenas de estudantes e trabalhadores interessados no que havia de novo e no que havia de continuidade entre as lutas de 2005 e de 2011, na USP.

Na Faculdade de Direito, em evento organizado pelo Centro Desformas e pelo Sintusp, com os professores Jorge Luiz Souto Maior, também juiz do trabalho, Ricardo Antunes da Unicamp e Jorge Grespan, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, e também com a presença de Glória Oliveira, uma das lideranças da greve da UNIÃO, pudemos fazer um grande debate sobre a terceirização do trabalho, com mais de 120 graduandos e pós-graduandos em Direito, onde apresentamos este livro. Nas palavras de Ricardo Antunes “Este livro, ‘A precarização tem rosto de mulher’ é uma iniciativa muito importante”.

Com Paula Marcelino, doutora em sociologia pela Unicamp e professora da USP, organizamos um lançamento com estudantes e professores, e com a presença de Rita Frau, professora da rede estadual, e Glória Oliveira. Paula Marcelino apontou que a LER-QI acerta ao escolher o tema da precarização do trabalho como um dos eixos de sua intervenção política, e além de levantar uma série de debates estratégicos para melhorar a atuação dos que se colocam nesta luta, declarou que “’A precarização tem rosto de mulher’ é um livro militante”. Na Unesp de Marília, cerca de 100 estudantes prestigiaram a mesa com a professora Lúcia Morales, a estudante Clismênia do grupo de mulheres Pão e Rosas e as trabalhadoras da UNIÃO Glória Oliveira e Nick Silva.

Na última semana ocorreram os lançamentos mais esperados, na USP novamente com a presença do professor Jorge Luiz Souto Maior e Silvana de Souza, militante do Pão e Rosas e a principal “linha de frente” da luta de 2005. Em evento organizado pelo Centro Angel Rama, expressou-se um importante debate sobre como “sacudir” os estudantes e professores que fecham os olhos pra miséria da terceirização, e ao mesmo tempo sobre a centralidade da classe operária. Jorge Luiz Souto Maior terminou sua fala dizendo “Este é um livro que cria consciência de classe”. Na PUC-SP, a APROPUC e o Núcleo de Relações de Trabalho do curso de Serviço Social, junto às Edições ISKRA, organizaram o lançamento com a presença de Claudia Mazzei Nogueira, autora da apresentação do livro, junto a Beatriz Abramides. Nas palavras de Claudia “Este livro é um exemplo para os próximos combates”.

Esta jornada de lançamentos do livro “A precarização tem rosto de mulher” busca reunir um setor da vanguarda consciente da luta estratégica pela unidade das fileiras operárias. Dos revolucionários trotskistas, dos intelectuais que não se venderam para a burguesia e o governo, dos sindicatos combativos, dos trabalhadores terceirizados que avançaram em sua consciência de classe, daí se fez a “síntese” destes lançamentos que chegaram a tantos estudantes e professores, e que nos fará ainda mais audazes, se estas experiências chegarem aos batalhões da classe operária mais explorada, daqueles que se levantaram com fogo, como nas obras da construção civil.

Hoje, diferentemente de 2005, vivemos num momento em que já se irrompeu uma crise econômica internacional, e que o Brasil é governado não mais por Lula, e sim por Dilma, que apesar de todo o frenesi de sua ascensão ao poder, não tem a relação histórica de contenção das massas que tinha Lula e tampouco pode ser considerada representante das mulheres, já que a situação de milhões de trabalhadoras que vivem sob condições de trabalho desumanas demonstram que não podemos ser uma no poder, mas sim milhares nas ruas para arrancar nossos direitos, como fizeram as trabalhadoras da UNIÃO.

Num momento em que milhares de trabalhadores e trabalhadoras Brasil afora participam de greves e lutas reivindicativas, exigindo aumento salarial, consideramos que as experiências que vivemos na USP, aonde buscamos apresentar o programa dos revolucionários e sua justeza para que os próprios trabalhadores fizessem sua experiência, pode ser um enorme exemplo para que se eleve as reivindicações do patamar econômico ao patamar político, e incluam na sua pauta de reivindicação, por exemplo, a demanda pela efetivação de todos os terceirizados e temporários sem necessidade de concurso público ou processo seletivo, dando assim um golpe contra a divisão de nossa classe.

Nós das Edições ISKRA e da LER-QI consideramos que toda essa experiência é parte também de forjar-se como ala revolucionária nos locais onde atuamos, sejam nas lutas, nos sindicatos ou no movimento estudantil, construindo um novo sindicalismo combativo e classista, e, sobretudo revolucionário, que busque atrair em torno de si estudantes e intelectuais que se colocam ao lado da classe trabalhadora, e construindo assim uma poderosa aliança de classe. Num momento em que o mundo árabe é sacudido por suas massas jovens e de trabalhadores, que a indignação juvenil toma conta do Estado Espanhol, não podemos fechar os olhos pelos ventos que estão por vir.

Tanto lá, como aqui; no Egito, na Líbia, Tunísia, Estado Espanhol, a idéia da revolução social, arrancada com ódio de classe dos corações e mentes de milhões de trabalhadores e da juventude, voltou à tona, passou a ser canto de guerra, passou a ser um horizonte. Em pequeno, na luta da Dima em 2005 e na luta da UNIÃO em 2011, estas idéias também retornaram, porque como dizia Lênin é também nas greves que os trabalhadores passam a perceber que não é possível lutar contra apenas um patrão, mas que é necessário lutar contra a classe dos patrões, e contra o seu sistema que nos domina, o capitalismo. É por isso que este debate nos leva, inevitavelmente, a necessidade de discutir uma ferramenta para que os trabalhadores almejem o poder, e nós que hoje construímos a LER-QI e agrupações com companheiros independentes, somos parte dos revolucionários que almejam se fundir com a vanguarda das massas e da classe operária para ser parte de um histórico processo de construção de um partido revolucionário que possa arrebentar com este sistema que só nos dá miséria e opressão.

“Um rico e valoroso instrumento para o projeto socialista de emancipação humana”
Beatriz Abramides, presidente da APROPUC

“Um livro que cria consciência de classe”
Jorge Luiz Souto Maior, Juiz do Trabalho e Professor da Faculdade de Direito da USP

“Uma iniciativa muito importante”
Ricardo Antunes, professor da Unicamp

“Este livro é um exemplo para os próximos combates”
Claudia Mazzei Nogueira, professora da Universidade Federal de Santa Catarina

“A LER-QI acerta ao escolher o tema da precarização. Este é um livro militante”
Paula Marcelino, doutora em Sociologia pela Unicamp e professora da USP

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