Sexta 29 de Março de 2024

Nacional

ASSEMBLÉIA DO SINTUSP APROVA PARA ESTE 1º DE MAIO DE LUTA

Campanha salarial nacional de emergência unificada

24 Apr 2008 | Entrevista com Claudionor Brandão, diretor do Sintusp   |   comentários

JPO: Hoje vivemos num momento em que todos os jornais noticiam as primeiras conseqüências da crise que já se reflete nos aumentos dos preços dos alimentos e na carestia do custo de vida. Em sua opinião quais são as tarefas dos trabalhadores neste 1º de Maio?

C.B: O 1º de Maio deste ano não pode ser tratado como nos anos passados, pois hoje vivemos um momento em que começa a aparecer no Brasil alguns dos sintomas da crise que afeta a classe trabalhadora. Esta crise se manifesta não só na alta do preço dos alimentos, mas na própria falta de alimentos. Gostaria de citar rapidamente um diretor do FMI que se refere aos aumentos absurdos dos preços dos alimentos “nas revoltas da fome, o pior, infelizmente, talvez esteja a frente de nós” , ou seja, assume que o pior está por vir e acrescenta: “centenas de milhares de pessoas serão afetadas e é um problema extremamente grave que o planeta deve enfrentar” . Isso é uma crise de proporções mundiais. Este senhor reconhece que a crise económica pode levar a guerras e diz que “não se trata de assustar mas ver a realidade. Quando há situações tão dramáticas a população critica seus governos embora tenham feito o que puderam, e podem fazer cair executivos democraticamente eleitos. A história está cheia de guerras que começaram por causa de problemas deste tipo” . Ou seja, o chefe do covil de bandidos falando do seu temor às crises políticas e sociais que a atual crise pode deflagrar.

Como os sindicatos e as organizações operárias poderiam preparar os trabalhadores para enfrentar uma crise como esta?

Em primeiro lugar deveriam organizar um 1º de Maio classista que se oponha aos dias de festa da Força Sindical e da CUT, mas que não se limite a atos festivos com discursos vermelhos. Na minha opinião deveria ser um 1º de Maio que recupere o sentido real da luta de classes e levante um programa que coloque a necessidade de lutar para que a burguesia pague esta crise, para que não seja descarregada sobre os ombros dos trabalhadores.

Como você vê a política defendida pela esquerda para responder a toda esta situação?

Novamente no 1º de Maio da Conlutas e do PSTU a chave é a Frente Eleitoral de Esquerda e não a preparação de um verdadeiro plano de luta que seja uma resposta de fundo para os principais problemas da classe trabalhadora. O PSTU não tem a disposição necessária e a coragem para fazer um balanço profundo de sua atuação desde sua experiência dentro do PT, e infelizmente segue se adaptado ao que chamamos o velho modo petista de militar.

Como estas questões se refletem aqui na USP e qual o papel de uma direção que se reivindica classista e combativa como o Sintusp?

O varguismo conseguiu dividir os trabalhadores em distintas categorias e as direções dos sindicatos seguem se adaptando à divisão e educando os trabalhadores a pensarem somente em suas categorias e nas lutas económicas.

Os setores da diretoria do Sintusp que são contrários a um partido operário ou que igualam os partidos de esquerda com os partidos burgueses devem responder qual outra ferramenta política apresentam para os trabalhadores se libertarem da exploração. A meu ver os trabalhadores devem refletir sobre a situação internacional em que estamos envolvidos e como dar uma saída para a crise; precisamos discutir quais as estratégias para que os trabalhadores sejamos vitoriosos. Em minha opinião só um partido revolucionário tem condições de armar o conjunto dos trabalhadores de um programa e uma estratégia para que a burguesia e os ricos paguem a crise e para que os trabalhadores possam impor uma saída sua, e tenham condições de lutar pelo poder.

Como será a atuação do Sintusp no 1º de Maio?

Nós discutimos na executiva, apesar de não ser uma instância deliberativa, e aprovamos na assembléia que o Sintusp vai para o 1º de Maio convocado pela Conlutas com um chamado a lutar por um programa que defenda: Campanha salarial nacional de emergência unificada, salário mínimo do Dieese, não pagamento da dívida externa e interna, que levante a reforma agrária e distribuição das terras para que o povo plante, incorporação dos trabalhadores terceirizados e precarizados e por iguais direitos e salários para todos, e outras consignas que mobilizem os trabalhadores para impor que a crise seja paga pela burguesia, e os trabalhadores imponham sua saída pelos métodos da própria classe operária. Vamos denunciar que a CUT e a Força Sindical só fazem festas e que é necessário que os sindicatos que integram a Conlutas assumam a responsabilidade de preparar um verdadeiro plano de lutas contra as festas da burocracia sindical.

Como este programa se liga à campanha salarial e à luta por uma estatuinte na universidade?

O problema que devemos discutir com os companheiros é que não será possível barrar o avanço das fundações e os ataques neoliberais à universidade enquanto estiverem no poder da universidade os donos das fundações, os terceirizadores e os grandes aliados do governo. Não vamos conseguir barrar o sucateamento da universidade sem tirar do poder os sucateadores, não vamos conseguir barrar a terceirização sem varrer do poder os terceirizadores, não vamos conseguir impor uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre sem tirar do poder aqueles que fazem da universidade uma máquina de lucro dos exploradores. E a forma de varrer toda essa gente do poder é impondo pela mobilização um congresso estatuinte democrático contra a burocracia acadêmica e estudantil. E este V Congresso só pode ser efetivo no marco da mobilização dos estudantes e trabalhadores. Uma aliança entre estudantes e trabalhadores para dar uma resposta à crise da USP, que coloque abaixo esta universidade elitista e racista, apontando para uma luta profunda para colocar a universidade a serviço dos trabalhadores e do povo. Nosso sindicato se propõe encabeçar esta luta, pois não podemos ter nenhuma confiança nem no autoritário Conselho Universitário desta universidade nem em sua porta-voz, a Reitoria. Nossa mobilização tem que estar a serviço de preparar uma grande greve para barrar os ataques da Reitoria e acabar com o reacionário regime universitário.

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