Terça 23 de Abril de 2024

Juventude

COMUNA: uma chapa pró-operária para o DCE da USP

10 Oct 2004   |   comentários

Durante a greve das universidades estaduais paulistas de 2004, os funcionários da USP foram o setor mais avançado na luta. Isso se mostrou inclusive nas conquistas que eles tiveram, pois além do reajuste salarial de 6%, conseguiram também outras reivindicações, como o aumento do vale-alimentação de R$ 45,00 para R$ 135,00, além da garantia de nenhuma punição ou corte de ponto aos grevistas.

Tudo isso não foi à toa. Os funcionários da USP foram os mais radicalizados da greve, se negaram a adaptar-se à política de mera negociação do Fórum das Seis e confiaram em suas próprias forças, tendo no método operário dos piquetes sua maior força para pressionar os reitores e conquistar as reivindicações.

Neste processo, muitos estudantes se aliaram na luta com os funcionários para garantir os piquetes e a vitória da greve. Nós, da chapa COMUNA, participamos ativamente da greve e dos piquetes porque acreditamos que a aliança com os trabalhadores é o caminho que devemos seguir para conquistar nossas reivindicações. Nos candidatamos para as eleições do DCE porque queremos manter e aprofundar esta unidade com os funcionários da USP, na luta para forjarmos a aliança com todos os trabalhadores de fora da universidade.

Temos, na USP, um amplo setor do funcionário que está disposto a se unificar com os estudantes, e ele demonstrou isso na greve, levantando uma pauta unificada e lutando para que os estudantes participassem da mesa de negociação com os reitores. A chapa COMUNA vai colocar todos os seus esforços para se ligar aos estudantes piqueteiros e aos que concordam com a necessidade de se aliar com os trabalhadores. Vamos buscar o apoio dos trabalhadores da USP para nossa chapa, para forjar desde já, independente do resultado das eleições, a aliança que precisamos para avançar na nossa luta.

A maioria das entidades estudantis do país tem sido dominada há anos pelas correntes ligadas ao PT e pelo petismo em geral. Desde sempre estas correntes cumpriram um papel de freio para as lutas dos estudantes, mas depois que o PT passou a governar o país se tornaram um freio ao movimento ainda mais forte do que eram antes. Isso porque seria contraditório para correntes que fazem parte do governo, ou do PT, travarem uma luta conseqüente contra estes. O DCE da USP não foge a esta regra e se mantém há anos sob o controle de correntes petistas e governistas. Queremos romper com a lógica petista, que termina por canalizar a luta dos estudantes para demandas corporativas e que não fazem avançar o movimento estudantil para demandas que visem derrotar os governos de todas as cores que atacam não só a universidade, mas o conjunto da juventude e dos trabalhadores.

Acreditamos que as entidades estudantis devem estar a serviço de construir a luta unitária dos estudantes e dos trabalhadores. Para as duras lutas que temos que enfrentar, como a reforma universitária privatista do governo Lula, apenas as forças do movimento estudantil não bastam. Temos que ter consciência de que a reforma universitária faz parte de um plano da burguesia brasileira e do imperialismo para as universidades, e para enfrentar estes planos temos que unificar nossas forças com todos os explorados e oprimidos, começando pelos trabalhadores da própria universidade, que são tão explorados quanto os trabalhadores lá fora.

Neste momento, onde a entidade nacional dos estudantes, a UNE não serve para organizar a luta porque defende os interesses do governo entre os estudantes, vamos lutar para construir um grande pólo nacional antiburocrático e pró-operário que organize as lutas, unificando a USP com as universidades em greve ou que estiveram em greve da Bahia, da Paraíba, do Pará, de Uberlândia e tantas outras. Devemos unificar todas estas lutas junto com os professores e funcionários das universidades para construir uma grande greve geral universitária, única maneira de lutar conseqüentemente contra a reforma universitária do governo Lula. Nossa chapa vai lutar para construir esta greve na USP, se unificando com os funcionários, que já defendem a construção de uma greve geral, e lutando pela unidade com as greves dos trabalhadores já em curso em todo o país.

Os estudantes que compõem a nossa chapa foram, durante a greve, e continuarão sendo parte daqueles que acreditam que somente a força da luta unificada do movimento estudantil com todos os trabalhadores poderá impor uma derrota significativa aos planos dos governos, na luta para colocar a universidade a serviço dos trabalhadores e de todos os explorados e oprimidos de dentro e de fora da universidade.

Nos apresentamos nestas eleições na perspectiva de lutar para que esta unidade se torne concreta, porque cremos que a única maneira de transformar de fato a universidade é ter a perspectiva de transformação revolucionária da sociedade, e para isso temos que estar junto com os que serão os principais sujeitos dessa transformação social: os trabalhadores.

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