Brandão chama os trabalhadores a votar nulo no segundo turno e se organizarem de forma independente
08 Oct 2014
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Frente ao resultado eleitoral do primeiro turno, Claudionor Brandão declarou ao site Palavra Operária que: “Não podemos acreditar em demagogia. Tanto Dilma como Aécio escondem o que vão fazer logo após as eleições. A economia do país está cada vez pior. Quem vai pagar a conta? Não podemos achar que esses governantes eleitos com o dinheiro dos patrões vão querer tirar do lucro de seus amigos do poder. É claro que quem vai pagar a conta somos nós, os trabalhadores e o povo pobre. Inflação, desemprego, retirada de direitos, aumento de tarifas, privatizações e cortes nos gastos sociais em saúde e educação. É para isso que devemos nos preparar. Seja quem for eleito, Aécio ou Dilma, é isso que nos espera”.
Indagado sobre a campanha que o PT vem impulsionando nas redes sociais, na qual difunde a ideia de um giro à direita no país em função da recomposição do PSDB para alentar o voto útil em Dilma, Brandão coloca que: “O PT sempre faz isso. Quando foram as manifestações de junho do ano passado, difundiram o fantasma de um suposto ‘golpe de direita’ contra seu próprio governo. Fazem isso para esconder que Maluf estava com Padilha aqui em São Paulo, que Color, Renan e Sarney estão de braços dados com Lula e Dilma, que o ministro da economia do atual governo já anunciou que depois das eleições vai ter que ter ‘ajuste’. Escondem que Alckimin não teve um crescimento tão grande de seus votos. A derrota acachapante que o PT sofreu aqui em São Paulo, a maior de todos os tempos, significa sobretudo um voto de rejeição no PT. Tanto que aqui aumentaram enormemente os votos nulos, brancos e abstenções. É isso que querem esconder”.
Sobre como votar no segundo turno, Brandão explicou: “Essa ideia de voto útil em Dilma como ‘mal menor’ é uma armadilha. Quem já tomou cassetete do PT sabe que esse não é mais macio que o do PSDB. As pessoas esquecem que, em 2003, quando tinha crise econômica, foi Lula quem implementou a segunda fase da reforma da previdência. O PT só pode dar mais concessões que o PSDB porque viveu um período excepcional de crescimento econômico. Frente a cenários de crise, qualquer trabalhador da indústria automobilística já viu o PT entregar os direitos de mão beijada, sempre com a desculpa de proteger os empregos, que no final também acabam indo pelo ralo. Quanto maior for a votação no próximo presidente – seja Dilma ou Aécio –, mais esse estará legitimado para implementar ataques. É como se nós mesmos colocássemos a corda no pescoço para sermos enforcados depois. Por isso é necessário votar nulo”.
Frente à falta de alternativas, defendeu que: “Mas não basta votar nulo. Precisamos desde já nos organizar para nos preparar para os ataques que virão. Precisamos unir os sindicatos, a começar por aqueles dirigidos pelos setores de esquerda, para preparar esse combate. O Sintusp pode cumprir um importante papel nesse sentido, batalhando para que a Conlutas, central sindical da qual fazemos parte, ao contrário do que vem fazendo hoje, tome a dianteira”.
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