Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

Bebel quer enganar os professores e defender o governo no dia 13/03

12 Mar 2015   |   comentários

Sexta-feira ocorrerá assembleia com indicativo de greve. Numa manobra, Bebel está convocando um ato em defesa do governo federal no mesmo dia.

Os professores do estado de São Paulo estão em um momento decisivo. Sexta-feira, dia 13 de março, ocorrerá no vão do MASP uma assembleia com indicativo de greve. Ao invés de mobilizar seriamente a categoria para construção de uma forte greve, a diretoria da APEOESP de Bebel e cia (PT/PC do B) está muito mais comprometida em defender o governo federal.

Em uma manobra absurda, Bebel está convocando um ato em defesa do governo federal no mesmo dia, local e apenas uma hora após o início da assembleia de professores. Ato esse, que está sendo articulado pela CUT, com o aparente objetivo de defender a “democracia e a Petrobrás.” Descaradamente querem usar a legítima luta dos professores para defender um governo que cada vez mais ataca as condições de vida da classe trabalhadora, e se afunda até o pescoço com sucessivos escândalos de corrupção.

Esse ato é uma tentativa de resposta do PT e do governo ao ato que está sendo convocado para o dia 15 com o mote de “impeachment” de Dilma. Há alguns dias, Lula, Stédile e a cúpula petista vêm prometendo botar seu “exército” na rua contra uma suposta polarização social, que poderia ter como resultado uma tentativa golpista da direita. Como a “tropa petista” está cada vez menor, fruto do imenso desgaste do governo com amplos setores da população, querem fazer os professores como massa de manobra para defender interesses antagônicos ao do conjunto dos trabalhadores do Brasil.

Porém no que tange a educação, a aparente polarização entre PT e PSDB é difícil de ser percebida. A cartilha aplicada pelos dois partidos é praticamente a mesma: corte de gastos e ataque nos direitos. Alckmin nunca negou que é inimigo da educação, deliberadamente demite e precariza o trabalho do professor, cortas gastos e assiduamente quer acabar com o ensino público no estado. Dilma, que dizia querer promover a “Pátria Educadora”, cortou 7 bilhões da Educação, nomeou Cid Gomes como ministro (aquele para quem os professores deveriam trabalhar por "amor", e não por um salário digno), e agora atrasa bolsas e verbas destinadas às universidades federais. Ou seja, as diferenças e polarizações ficam apenas no discurso, na prática estão unidos para atacar os trabalhadores, direitos sociais e a educação.

Por isso não participaremos desse show de enganação articulado por Bebel, CUT e governo Federal. Não só não participaremos, como estamos ativamente denunciando esse absurdo. Participar dessa mobilização significa estar de costas aos professores, funcionários e alunos que sofrem com os cortes de gastos das universidades federais, defender as medidas provisórias e os tarifaços que atacam as condições de vida das massas trabalhadoras, e ser condescendente com a casta de corruptos que anos usurpa as contas públicas para governar de acordo com os ditames das empresas e milionários. Tão pouco participaremos das mobilizações do dia 15, já que não confiamos na oposição de direita e nesse congresso de ladrões para resolver os problemas do país.

Para completar esse disparate, esse ato está sendo convocado sem ser referendado em qualquer espaço sindical. Uma manobra antidemocrática que despreza por completo as decisões e opiniões dos professores. Por esses motivos, as correntes de oposição na APEOESP precisam tomar uma decisão resoluta de não compactuar com essa política da direção majoritária. Em primeiro lugar a Oposição Alternativa (dirigida majoritariamente pelo PSTU) deve, desde o início, não misturar suas bandeiras e fileiras com a burocracia CUTista. Devemos marchar em sentidos opostos ao proposto por Bebel. Para expressar um forte rechaço, seria fundamental que o Bloco de Esquerda (composto pelo PSOL) se somasse a iniciativa, constituindo um ato genuinamente de professores, que defenda os reais interesses dos trabalhadores. Não há dúvida que uma ação como essa atrairia centenas de professores descontentes com Bebel, golpeando fortemente essa burocracia.

Mais do isso é necessário que milhares de professores assumam as rédeas dessa mobilização em suas mãos. Essa greve é nossa, e não de Bebel e do Governo. Compor uma grande assembleia, que dê um grito de basta aos desmandos da atual diretoria e grite em uma só voz: “greve já, contra o governo e a burocracia” é o primeiro grande passo para construção de uma grande batalha em defesa da educação pública.

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