Sexta 29 de Março de 2024

Juventude

UMA POLÊMICA NECESSÁRIA COM O AUTONOMISMO

Balanço da ocupação e da eleição do DA Unesp/Marília

16 May 2012   |   comentários

De tempos em tempos os operários triunfam, mas é um triunfo efêmero. O verdadeiro resultado de suas lutas não é seu êxito imediato, mas a união cada vez mais ampla dos trabalhadores

Manifesto do Partido Comunista – 1848

Mais uma vez os estudantes da UNESP-Marília deram um exemplo para todo o movimento estudantil a nível nacional. Frente a nova tentativa da direção da FFC de terceirizar o R.U no período noturno, os estudantes ocuparam a entrada da Seção de Comunicação da universidade para denunciar a manobra da direção, que assistindo a diminuição do quadro de trabalhadores por mais de 6 meses, encaminhava por cima dos próprios trabalhadores e do conjunto dos estudantes a terceirização do R.U.

Não bastando a demonstração da total falta de democracia dentro da universidade, com a decisão dos rumos do R.U sendo feita pela cúpula da burocracia acadêmica, o cinismo da direção simplesmente ignorava duas greves com ocupação em 2009 e 2010 que arrancaram o funcionamento do R.U no período noturno sem trabalho precarizado.

Depois de quase duas semanas de ocupação e das manobras da direção, cancelando a reunião da congregação onde os estudantes propunham discutir a terceirização do R.U e da atitude da ADUNESP e do SINTUNESP, que de um primeiro apoio a pauta dos estudantes, passaram a deslegitimar a ocupação, depois de uma primeira tentativa de negociação, os estudantes barraram a nova tentativa de terceirização e arrancaram um acordo para a contratação de novos trabalhadores para no máximo 90 dias.

Mobilizações que são exemplo, pois, contrariamente a qualquer espírito corporativo, levantávamos que “uma vitória dos estudantes não poderia ser uma derrota dos trabalhadores!”. Além da luta para barrar a terceirização do R.U, a mobilização expressava uma série de demandas, como a imediata contratação das trabalhadoras terceirizadas da limpeza sem concurso público, as pautas de permanência estudantil, além da necessidade de abrirmos uma ofensiva campanha pela democratização da universidade, neste ano de eleições da reitoria e das diretorias na UNESP.

Desde a confirmação de que a diretoria já concretizava os planos de terceirizar o R.U no período noturno, impulsionamos, junto a outros estudantes, a Assembléia Geral para massificar a discussão na base dos estudantes e tirar uma saída organizada no movimento. Desde a ocupação da seção de comunicação, buscamos massificar as reuniões do comando de ocupação com passagens em salas e panfletagens, para informar o conjunto dos estudantes sobre a luta que se desenrolava.

Entendendo ainda que a precarização do trabalho e a elitização da universidade é uma política orquestrada a nível estadual no conjunto das estaduais paulistas, propomos a política de conformação do CEEUF para Marília como forma de irradiar a luta que travamos e impulsionar a articulação dos campi para uma luta unitária contra a reitoria.

A DIVERGÊNCIA SOBRE A TÁTICA DE OCUPAÇÃO DA SEÇÃO DE COMUNICAÇÃO

Na assembléia geral e no primeiro comando de ocupação, votamos contra a proposta de ocupação, pois uma ação radicalizada não pode ser decidida por fora da base dos estudantes, já que até aquele momento a assembléia tinha na hora da votação, cerca de 60 estudantes, sendo a primeira vez em que o combate a terceirização foi pautado. Mesmo o primeiro comando sendo mais representativo do que o inicio da ocupação – fruto da passagem em salas de aula que propomos – avaliávamos que não bastava para fazer o movimento vitorioso, já que a mobilização estava ainda afastada das salas de aula. Defendiamos que o movimento se concentrasse na construção de assembléias de curso e do indicativo de ocupação da direção marcado para uma assembléia geral que aconteceria alguns dias depois. Essas propostas seriam naquele momento a maneira mais eficaz para politizar os cursos e potencializar o restante das pautas.

Além do esvaziamento do final da primeira assembléia que tirou o indicativo de ocupação, a decisão pela ocupação saiu de um ato – que por mais qualitativo para desmascarar a direção, com a fuga da diretora – tinha no seu final em torno de 40 pessoas. Mesmo com a reversão do isolamento no decorrer da semana, principalmente a partir da segunda assembléia-geral, uma massificação inicial já em torno da ocupação da direção, em um ano de eleição da diretoria, poderia ter avançado em vários outros pontos da pauta e cravados posições importantes de denúncia da estrutura de poder da universidade.

Mesmo derrotados na votação, permanecemos até o final da ocupação com a política de massificação da luta e construção do restante das pautas.

As acusações feitas pelos integrantes do CASO (Coletivo de Ação Social) de que “traímos” a luta só servem para obscurecer o debate em torno das reais divergências que se aprofundaram no decorrer do movimento, principalmente a de concepção sobre a ação direta com o CASO a defendendo por fora da politização da base dos estudantes e encarando a ocupação como um “fim em si mesmo” não se preocupando se ela se torna um meio para a massificação, organização e politização do restante dos estudantes, que é o que ira garantir a vitória ou não das mobilizações.

Convidamos os companheiros a explicar nossa traição quando estamos sendo processados massivamente pela ocupação na USP por lutar contra a presença da polícia na universidade, e que apesar de termos no início da ocupação deste ano em Marília proposto outra forma de organizar, construímos a ocupação ativamente a partir do momento que o movimento votou por ela, pois a luta contra a terceirização é parte de nosso programa histórico.

O VOTO NULO NA ELEIÇÃO DO D.A: DIVERGÊNCIAS DE MÉTODO OU CAPITULAÇÃO POLÍTICA?

A eleição para o Diretório Acadêmico da UNESP/Marília, se realizou em um momento marcado por ataques históricos ao movimento estudantil, com Rodas na presidência do CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) - em um claro sinal de ampliação da política privatista e de militarização da USP para o conjunto das estaduais paulistas - com o de avanço da terceirização, do racismo e a proposta de transformar o campus de Marília em um colégio militar com a pós-graduação de Ciências Policiais. Em linhas gerais, um momento que exige uma organização política superior do movimento estudantil.

Frente a um cenário onde concorria a chapa Manuel Gutierrez, que nós da LER-QI, compomos junto com estudantes independentes, defendendo um programa abertamente classista, em defesa dos lutadores perseguidos e que tinha como um dos eixos centrais a denuncia da precarização do trabalho dentro e fora da universidade – pauta que motorizava a ocupação - e de outro lado a chapa Transformar o tédio em melodia com um programa governista, hegemonizada pela UJS, os integrantes do CASO levantaram uma campanha pelo voto nulo, que acabou vitoriosa, aglutinando a chapa da UJS (que se retirou da eleição no último dia), setores de direita que se colocam abertamente contra o movimento estudantil e estudantes honestos que tem um sentimento de que as entidades não podem ser burocráticas e adaptadas. Queremos abrir aqui uma reflexão, em especial com estes últimos:

A campanha pelo voto nulo impulsionada pelo CASO, que não apresentou nenhuma linha de programa para a universidade e levantou somente algumas palavras de ordem “contra o vanguardismo” [1] e “pelo trabalho de base” girava em torno de dois eixos principais: o primeiro de que a forma como as entidades da maneira como são constituídas são burocráticas por si mesmas e o segundo de que a eleição por chapas com programas, seria autoritária, pois as demandas e programas teriam que surgir “no e pelo movimento”.

Olhando para a história recente do movimento estudantil, vemos que se criou uma concepção e uma prática onde as entidades estudantis acabam se tornando apenas aparatos dos partidos do regime burguês - como em nível nacional a UNE – e mesmo na própria esquerda que se reivindica anti-governista como PSOL e PSTU vemos os traços do “modo petista de militar”, isto é, uma concepção de que as entidades nos momentos de refluxo são apenas espaços para levar a frente as campanhas destas correntes e em momento de mobilizações acabam burocraticamente tomando a direção do movimento, como vimos no final do ano passado com o DCE da USP, hegemonizado pelo PSOL, negociar as portas fechadas com a reitoria os rumos do movimento.

Para que as entidades não continuem a seguir esta lógica, porém, a saída não é esvaziá-la como o CASO defende com o voto nulo, mas lutar para que estas sejam combativas e militantes, o que implica necessariamente o combate contra o governismo, a quem o CASO ao invés de colocar em primeiro plano, nem sequer falou, acabando no final das eleições de mãos dadas.

As entidades estudantis são uma conquista do movimento estudantil, que advém do combate à ditadura militar, e devem estar a serviço dos interesses dos estudantes que lutam contra a repressão, em defesa dos trabalhadores, pela democratização da universidade. Rompendo radicalmente com esta concepção e práticas burocráticas, levantamos historicamente uma concepção de que as entidades estudantis, devem se conformar como organizações de frente-única dos estudantes, com proporcionalidade na gestão aos diferentes programas votados.

Entendemos que a entidade em momentos de refluxo deve cumprir o papel de politização, corroborando para a organização dos estudantes e nos momentos de mobilização os organismos mais amplos de luta tomarem a frente do movimento, como as assembléias, comando por delegados de sala de aula, etc.

A política de negar as entidades e de que "ninguém me representa", ao partir de um sinal de igual entre a eleição para o Estado burguês e uma entidade estudantil(!), não é anti-autoritária, é irresponsável, pois da mesma maneira que hoje os que chamaram o voto nulo dizem que querem construir o movimento, amanhã podem querer fazer outra coisa da vida e ninguém teria como cobrar qualquer tipo de compromisso político. Esta é uma lógica pautada na vontade individual, e não nos interesses coletivos, que não serve para responder os desafios postos pela realidade nacional das universidades.
Continuando nesta linha, acreditamos que ao contrário do que levanta o CASO, defender um programa claro e aberto para ser assumido pelo conjunto do movimento estudantil nada tem de autoritário. Pelo contrário. É uma necessidade, pois não queremos nos juntar com todos os estudantes. Queremos nos unificar com os que lutam por uma universidade sem polícia, democratizada de fato, gerida por estudantes, professores e trabalhadores e não por burocratas; uma universidade que esteja a serviço dos trabalhadores e do povo, e que produza conhecimento para estes, e não para as grandes empresas.

Nada temos a ver com os estudantes que fizeram o rodeio das gordas, que defendem a polícia, e a elitização das universidades, os racistas, ou os que defendem conscientemente os interesses da burguesia e a repressão ao movimento estudantil. Desde quando defender este programa seria autoritarismo, se ele parte da defesa dos interesses da imensa maioria da população: a classe trabalhadora, o povo e a juventude pobre? Aos que por nunca terem entrado em contato com estas idéias e seguem defendendo o senso comum imposto pela ideologia predominante, a saída é debater amplamente estes temas, chamá-los a fazer experiência com o movimento, sempre mostrando o que defendemos. Não fazer isso, não é anti-autoritário, é o-por-tu-nis-mo! Oportunismo que permite inclusive que fiquem na mesma posição eleitoral que a direita e o governismo, votando contra uma chapa anti-burocrática e combativa.

É necessário ainda levantar alguns fatos: se acham que as entidades não são importantes, ou são tão burocráticas por que estão no DCE, ou participaram do CEEUF sem nenhum tipo de diferenciação com “entidades burocráticas” de toda a UNESP? Se são tão combativos por que igualam nós, que estivemos lado a lado na luta contra a terceirização, com a UJS?

No último debate de chapas - um dia antes do início da eleição – proporam que os estudantes aguardem os membros do CASO aprofundar entre eles uma discussão de estatuto do D.A “auto-gestionado” a ser apresentado – quando lhes convierem – para a conformação de uma Assembléia Estatuinte. Enquanto isso, o movimento estudantil que esta sofrendo uma escalada repressiva do governo e da reitoria como não vemos desde a ditadura, pode construir o CASO e o “Cine Debate”, espaços impulsionados pela OASL (Organização Anarquista Socialismo Libertário) como conclama o final do chamado ao voto nulo, depois de deslegitimar não só o D.A mais os outros espaços de organização do M.E local:

UM MOVIMENTO SEM CHAPAS, É POSSÍVEL? Sim! O movimento estudantil é, costumeiramente, mais dinâmico que outros movimentos sociais. Pessoas novas entram todo semestre e/ou ano, e uma série de discussões distintas aparecem a todo momento. É no mínimo ingênuo acreditar que um pequeno grupo de pessoas consegue dar conta de todos esses debates, relembrando que a vários anos o D.A. da FFC não tem gestão, mas mesmo de maneira precária, as lutas tem sido tocadas. Um movimento estudantil forte necessita que hajam espaços livres de preconceito que garantam a participação da ampla maioria dxs estudantes, para que nós tenhamos condições de nos politizar, participar e influenciar os rumos do movimento. O Coletivo de Ação Social (C.A.S.O.) e o Cine Debate são espaços em que xs estudantes, com suas mais diversas opiniões, podem participar, se formar politicamente e se organizar para atuar, dentro e fora da universidade...

É claro que a conformação do D.A não garante por si só as lutas. O campus de Marília demonstrou isso nos últimos anos com mobilizações importantes. É também de conhecimento de todo o movimento, que defendemos enquanto chapa a proporcionalidade para as entidades estudantis conjuntamente com a política de delegados de sala. Nada ingênuo, porém, é tentar fazer passar como mais democrático a construção de dois coletivos impulsionados pela organização anarquista, do que a conformação de um Diretório Acadêmico a partir de uma eleição, que mesmo com debilidades, abriu uma série de discussões políticas e programáticas a partir de debates e intervenções pelo campus por mais de um mês e que poderia ter organizado as distintas frações do movimento em frente-única, resta a pergunta: quem está colocando os seus interesses particulares acima dos interesses do movimento?

Em primeiro lugar nós achamos que os estudantes independentes que se integram ao movimento são inteligentes, e não precisam ter medo dos partidos, ou da política. Por isso não escondemos quem somos. Defendemos o trotskismo como saída para a crise capitalista, que novamente golpeia a humanidade, mas entendemos que o movimento estudantil deve ser mais amplo que nós, abarcando estudantes que podem não querer lutar pelo fim do capitalismo, mas querem lutar conseqüentemente contra a repressão, a estrutura de poder, o elitismo e o racismo da atual universidade.

Porém, nunca escondendo quem somos e o que queremos. Neste sentido, a visão maquiavélica propagada por alguns integrantes do CASO, que tenta igualar uma organização revolucionária com os métodos de captação dos partidos burgueses no movimento, que se dá através de mentiras e manobras, subestima a inteligência dos estudantes, como se estes não fossem capazes de distinguir entre as políticas dos dois tipos de partido.

Tal política ainda termina favorecendo às maiores burocracias estudantis, como são os partidos governistas, que sempre escondem sua identidade por trás de "coletivos". Nós achamos que a luta política ajuda o movimento a avançar, e decerto queremos discutir como partir do questionamento da universidade de classe para o questionamento da sociedade de classes. Portanto, entendemos que a escolha de alguém que decide ser revolucionário, é extremamente consciente, e não se dá através de "manobras".

A critica de método por fora da política, isto é, por fora de uma posição de classe, fez a campanha “militante” de voto nulo do CASO, aglutinar a chapa desistente da UJS e os setores mais conservadores da universidade, que boicotam e atacam constantemente o M.E. A vitória do voto nulo para as eleições do D.A da UNESP de Marília tem de ser encarada como uma derrota do movimento estudantil estadual, que tem ainda neste momento insuficientes fortalezas de organização para barrar a escalada repressiva do governo do Estado e a tarefa imediata de lutar não só contra as sindicâncias e perseguições espalhadas pelos vários campus da UNESP mais também defender os estudantes suspensos da UNICAMP e os 72 presos políticos na USP que começarão a ser julgados nas próximas semanas, assim como toda a diretoria do SINTUSP que é hoje o sindicato mais processado do país pela sua luta contra o projeto privatista, elitista e racista que o governo do Estado de São Paulo tenta implementar militarizando as universidades.

OCCUPY: O AUTONOMISMO E A NEGAÇÃO DA POLÍTICA

As divergências em torno da mobilização e das eleições do D.A são expressão de políticas distintas para o movimento e que devem ser elevadas a um patamar estratégico. Analisando as recentes mobilizações mundiais e o aparecimento do movimento Occupy, veremos ainda que tal polêmica ultrapassa os muros da FFC e aparece na política da direção destes conflitos. As ocupações de praça, na Europa e EUA que se inspiraram na luta heróica do povo egípcio com a ocupação da Praça Tahrir, é um grande salto de mobilização – principalmente na juventude – contra os efeitos da crise econômica, cumprindo um papel chave de denunciar para o conjunto da opinião pública a decadência do capitalismo mundial e das instituições do Estado burguês.

Por outro lado estes processos encontram ainda nas suas direções autonomistas uma barreira profunda para avançar e levar até o fim a luta anti-capitalista, defendendo uma política das “ocupações por elas mesmas”, como “espaços paralelos” no contexto de exploração que deveriam ser seguidos gradualmente e pacificamente para o restante do países e do mundo, sem nenhum caráter delimitado de classe.

Tal estratégia já mostrou todo seu utopismo nas “demonstrações” de pacifismo perante a polícia, com as ocupações sendo brutalmente reprimidas na Europa e nos EUA, ou quando ainda as direções autonomistas negavam a participação de correntes políticas e sindicais, para democraticamente discutir as medidas de ação do movimento. Defendendo um “método” supostamente mais democrático, de que as demandas tinham que ser criadas “no e pelo movimento” por fora dos “interesses particulares” das correntes políticas, estas mesmas direções autonomistas, burocraticamente – pela imposição do voto por consenso - impediram de que em várias praças, por exemplo, se marchassem até as fábricas que estavam demitindo para formar uma aliança estratégica com o movimento operário, única força capaz de por em cheque até o final do poder da burguesia, parando a produção social e o poder do Estado capitalista. A negativa em defender um programa que organizasse a juventude para se aliar aos trabalhadores, fez com que um movimento que tinha apoio em mais de 70% da opinião pública e questionamentos profundos ao regime herdeiro da ditadura de Franco, acabasse com a vitória eleitoral do PP - partido ultra-conservador - e com a repressão policial.

É preciso superar o espírito anti-partidário, herança dos anos 90, quando a derrocada da URSS e sua anterior burocratização, foi utilizada pela burguesia para inculcar na consciência da juventude e da classe trabalhadora que a burocracia stalinista era herdeira do partido de Lênin e Trotsky, tentando varrer da história a luta da Oposição de Esquerda e da Quarta Internacional contra o domínio da casta burocrática que usurpava as conquistas materiais, políticas e estratégicas do bolchevismo e da Revolução de Outubro.

Anos 90, onde o Estado capitalista escancarou toda sua podridão e afastamento dos interesses da imensa massa dos explorados com o neoliberalismo, mas ao mesmo tempo disseminou o desaparecimento da classe operária e o individualismo como objetivo final de vida, negando a política e qualquer saída coletiva para a juventude.

Slavoj Zizek, um dos representantes ideológicos do movimento Occupy, em um recente discurso para os manifestantes ocupados nas mediações de Wall Street [2], dizia que as experiências de transformação do capitalismo no século XX deveriam ser abandonadas. Indo radicalmente na contramão deste pensamento, acreditamos que o século XX – o mais revolucionário de toda a história – deve ser objeto de um estudo apaixonado, assim como Lênin, Trotsky, Rosa Luxemburgo e tantos outros revolucionários do início do mesmo século XX estudaram as experiências revolucionárias do século XIX, como as revoluções de 1848, a Comuna de Paris de 1871 e as próprias revoluções burguesas do século XVIII, tentando tirar as lições em nível de estratégia, programa e organização, para que os trabalhadores pudessem golpear de morte a burguesia e a sociedade capitalista.

Acreditamos que só assim poderemos estar à altura dos grandes desafios que a crise capitalista vai colocar a nova geração de revolucionários. É neste sentindo que queremos aprofundar as polêmicas com o autonomismo e fazer desde já um chamado ao CASO para discutir as divergências que se expressam hoje no movimento estudantil, no Occupy e nas experiências revolucionárias do século XX, em especial na Revolução Espanhola, onde a negação de uma política de classe levou os anarquistas da CNT comporem o governo burguês e traírem as massas espanholas.

A crise capitalista coloca a necessidade de aprofundarmos este debate para que a juventude se una aos trabalhadores para fazer política revolucionaria e que sejam os capitalistas os que paguem pela crise!

[1Vale lembrar o número de estudantes na Assembléia Geral e no ato na direção quando o CASO defendeu a ocupação do protocolo!

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