Quinta 28 de Março de 2024

Juventude

SÃO PAULO

As esquerdas frente ao aumento da tarifa

22 Jan 2015   |   comentários

Segue a luta contra o aumento, um debate com diferentes posições da esquerda para contribuir na organização do movimento.

Os atos chamados em São Paulo pelo Movimento Passe Livre seguem, tendo o próximo sido chamado para sexta-feira, 23/01 para o Teatro Municipal (Praça Ramos). É um novo enfrentamento aos lucros empresariais contrapostos ao direito de se locomover na cidade. Nesta nova onda de protestos, mais uma vez os bastidores políticos serão determinantes para o resultado dos atos, desde sua massificação até sua adesão passiva pela opinião pública.

As forças de contenção

O Prefeito Haddad articula a militância petista para desarticular os atos, mobilizando para tanto, UNE, CUT e movimentos de moradia, a fim de pedir a municipalização da CIDE, um tributo que incide sobre a gasolina e que só chega aos cofres da União.

Cada uma a sua maneira, lideranças da vanguarda do Movimento Estudantil se recusam a organizar a mobilização nos locais que dirigem, conforme cinicamente declara o Levante Popular da Juventude, presente por exemplo em quase todos os Centros Acadêmicos da FFLCH-USP. Para eles, o interlocutor deve ser o MPL.”

Com essa manobra, evitam a responsabilidade de organizar a luta e responder por ela, ao mesmo tempo em que pode levar a diante sua linha política sem discutí-la nas estruturas por eles dirigidas. Assim, na luta contra o aumento da passagem, reivindicam como solução a Constituinte e querem fazer crer que se os empresários não financiarem a campanha, suas máfias deixam de controlar os transportes e todo o aparato governamental.

Os arautos do Passe Livre

Ocorre que o MPL adotou a tática de organizar a luta nos bairros periféricos e sua agenda não é segredo para ninguém. Não há um fórum unificado a partir do qual se possam adotar políticas conjuntas com o MPL, que advoga atualmente para que as pessoas se organizem nos bairros, como tem atuado, em seus locais de estudos e trabalho (deste último, esquece às vezes).

O Projeto de Tarifa Zero, defendido pelo MPL, ao encontrar seus limites na municipalização, coloca um entrave na aliança que defende com a periferia, uma vez que o Governo Estadual controla as tarifas nas regiões metropolitanas, também frequentemente periféricas e dependentes do transporte coletivo para seus trabalhos e estudos nas capitais.

É um projeto defendido também pelo RUA Juventude Anticapitalista, que dirige o DCE da USP com Juntos e PSTU, assim como diversos Centros Acadêmicos pelo país e que não ofereceu até o momento nenhuma formulação própria pela onda de atos que já dura semanas. No único material que veiculou defendendo algum programa, reivindica que se mantenham as empresas de ônibus lucrando subsidiadas pela prefeitura. Como método de organização das lutas, propõem que coletemos assinaturas para um projeto de lei e pressionemos nas ruas por sua aprovação na câmara dos vereadores.

A Voz das Ruas

O Juntos, corrente do PSOL também presente em diversas entidades estudantis, se propõe a ser voz das ruas, inclusive tendo lançado candidatos que se reivindicavam como tal, nas últimas eleições. Questiona corretamente o discurso da direita, mas suas entidades simplesmente não existem nessa luta enquanto tal. Existem militantes do Juntos, do Rua, mas não existe o DCE da USP, por exemplo. Em uma faixa, levantavam a necessidade da estatização, contudo não se encontram elaborações a respeito em seus materiais.

O que fazer?

A estratégia do MPL foi testada na massificação de junho e para evitar balanço de sua falência, reivindica que a luta seja organizada a partir das universidades, escolas, bairros e locais de trabalho, mas não diz nada sobre como articular essa luta, assim não assume responsabilidade sobre ela, mesmo onde estudam e trabalham. Ao mesmo tempo, defendem que cada um lute como quiser, eximindo-se da responsabilidade, de um lado e deslegitimando as tentativas de organizar as lutas, por outro.

Os estudantes e jovens trabalhadores, principais atores políticos das manifestações pelo Passe Livre, estão abandonados à própria sorte. Não contam com nenhum fórum no qual se possam discutir esses atos, compartilhar perspectivas e pensar a política a partir de instrumentos democráticos, mas continuam se mobilizando, chamando seus amigos e acreditando que amanhã vai ser maior. É com eles que devemos nos organizar e superar as esquerdas falidas, bem como as burocracias sindicais, a mídia, o governo e suas polícias; todos estes a serviço da máfia dos transportes.

A preparação política, a contra-informação da mídia burguesa, a organização de segurança, a preparação de materiais, o serviço de inteligência: São todas tarefas que podemos organizar em nossas estruturas de atuação e forjar uma vanguarda capaz de dar exemplos a toda uma geração de novos ativistas determinados a transformar o futuro.

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