Sexta 29 de Março de 2024

Internacional

XII CONGRESSO DO PTS

As eleições da FIT e a “radicalização política embrionária”

21 Dec 2011   |   comentários

Uma discussão que se deu em algumas equipes e que abordou o Congresso foi a respeito da definição de radicalização política embrionária, termo que usamos para designar um giro à esquerda, ainda embrionário, mas novo, de algumas centenas de milhares de trabalhadores e estudantes que votaram na FIT nas eleições primárias (1). Ali explicamos que essa votação expressou fenômenos anteriores, não se tratou de uma figura isolada tipo Luis Zamora, mas também de partidos que tinham ligação com a vanguarda operária, com o movimento estudantil e com um fenômeno mais novo na intelectualidade de esquerda.

No informe e em outras intervenções, discutimos que se nas eleições primárias esta caracterização podia ser mais discutível pelo peso que teve o apoio democrático de amplos setores à nossa denuncia contra o caráter prescritivo do “piso” eleitoral, em outubro obtivemos 500 mil votos completos, 660 mil se somarmos os que votaram nos deputados nacionais e mais se contarmos os que votaram nos vereadores, tudo isso sem “apoio democrático” e frente à varias opções de centro-esquerda, desde o próprio discurso eleitoral “progressista” que usou CFK, até Projeto Sul, passando por Binner, que inclusive foi um fenômeno eleitoral em ascenso.

No informe soubemos de um estudo de um blog kirchnerista que faz estatísticas eleitorais (“El blog de Andy Tow”) onde mede o “grau de pobreza” dos eleitores. Mostram que os votos da FIT em outubro são dos “mais pobres” que os das Primarias. Isso confirma algo que Christian Castillo tinha percebido durante a campanha, em agosto houve um voto mais “democrático”, mas pelo enorme “efeito de massas” que foram as Primarias (que fez com que gente descomprometida dissesse “afinal passou a Frente de Esquerda?”) a FIT foi um impacto para setores mais plebeus que provavelmente não votaram em nós nas Primárias e que votaram em outubro. Nisso também incidiu a própria campanha da Frente de Esquerda em outubro, com os spots dirigidos aos problemas da classe operária, dos aposentados e da juventude. Graciela Römer dizia que entre os mais pobres e os mais jovens a FIT obtinha 8%, acima de Carrió e Alfonsín.

Neste ponto discutimos um argumento contra a categoria de radicalização embrionária que a votação da FIT foi um espaço não consolidado, em boa medida, “alheio”. É verdade que, eleitoralmente, caso se apresentasse Zamora, Pino Solanas, e outras figuras de esquerda ou centro-esquerda, como ocorreu na capital, provavelmente obteríamos muito menos votos, mas os triunfos e as derrotas não se podem atropelar.

São fatos, Projeto Sul teve uma derrota enorme por não querer enfrentar a tentativa de proscrição das Primárias. Se nós dizemos que é “espaço alheio” não estamos assumindo a responsabilidade política que significa os 500 mil trabalhadores e estudantes que votaram na FIT sabendo que estavam votando em Altamira-Castillo, na extrema esquerda, que não estavam votando em Pino Solanas nem em Zamora, que estavam votando em partidos e não em autonomistas independentes, embora depois nas faculdades uma parte dessa juventude votou em La Mella ou na Frente Darío Santillán. E, o que é decisivo na classe operária, dezenas de milhares de trabalhadores, muitos dos quais nos tem como referencias “sindicais” nas fábricas e estabelecimentos, pela primeira vez nos deram seu apoio político, embora seja através do mecanismo “delegativo” e passivo que impõe o regime eleitoral burguês.

Além disso, que desenvolvimento político podemos prever desses setores a partir do giro à direita do governo? Os que votaram na FIT vão se arrepender e os que votaram em Cristina vão estar cada vez mais satisfeitos? Evidentemente a tendência é que ocorra o oposto disso. Os que começam a duvidar são os que votaram em Cristina, sobretudo os que fizeram com a ilusão do “nunca menos”.

No debate do Congresso lembramos que, na realidade, todo o PTS deve preparar-se para dialogar tanto com os eleitores da esquerda como com os setores dos trabalhadores e a juventude que começam a perder as ilusões no governo K, assim como com a base das correntes “semi k” como os “independentes de esquerda”.

Abrir debate na FIT sobre a construção de um partido revolucionário
Neste marco, nas resoluções do Congresso ratificamos a proposta política nacional e internacional que formulamos aos partidos integrantes e aderentes da FIT, que desenvolvemos no comunicado público votado pelos próprios delegados:

“O Congresso do PTS ratificou a proposta que oportunamente se fez chegar ao resto das forças da FIT para utilizar este grande capital político não apenas no terreno eleitoral e para a agitação política, mas também para usá-lo a serviço da construção de correntes classistas no movimento operário, que se preparem para enfrentar a arremetida do governo e das patronais contra o nível de vida da classe operária e imponham um programa dos trabalhadores que responda aos interesses das maiorias nacionais, e abrir o debate sobre a construção de um grande partido revolucionário na Argentina, o principal desafio que devem ter as forças integrantes da Frente de Esquerda nesta etapa.

Em vista ao agravamento da crise capitalista mundial, à resistência que começam a exercer os trabalhadores e a juventude em vários países da Europa e o processo revolucionário aberto no Egito, o XII Congresso do PTS convocou os companheiros das forças integrantes e aderentes da FIT a realizar uma deliberação programática e estratégica para discutir as condições de uma eventual Conferencia Internacional pela reconstrução, refundação da Quarta Internacional, o partido mundial da revolução socialista, fazendo extensiva esta proposta às organizações internacionais que cada corrente integra. O PTS é parte da Fração Trotskista pela Quarta Internacional (FT-QI) que conta com organizações em doze países da América Latina e na Europa.

(1) “Apuntes militantes”, jornal LVO nº 440, LEIA AQUI

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