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Movimento Operário

Aos 116 dias, trabalhadores da USP vencem e encerram sua greve

19 Sep 2014   |   comentários

Hoje, reunidos em assembleia, os trabalhadores da USP decidiram, com apenas quatro abstenções, encerrar sua greve de quase quatro meses. Ao lado de estudantes e docentes da USP e das demais universidades estaduais paulistas (Unicamp e Unesp), protagonizaram a mais longa greve da história da universidade contra diversos ataques da reitoria e do (...)

Hoje, reunidos em assembleia, os trabalhadores da USP decidiram, com apenas quatro abstenções, encerrar sua greve de quase quatro meses. Ao lado de estudantes e docentes da USP e das demais universidades estaduais paulistas (Unicamp e Unesp), protagonizaram a mais longa greve da história da universidade contra diversos ataques da reitoria e do governo.

Deflagrada inicialmente contra o arrocho salarial imposto com o reajuste de 0% dos reitores das universidades, a greve seguiu para enfrentar ataques ainda mais profundos, como a desvinculação dos hospitais universitários e um plano de demissões “voluntárias” (PDV) que tem como meta eliminar um terço dos funcionários da universidade.

Baseando-se na organização de um comando de greve com delegados eleitos em cada unidade da USP, os trabalhadores conseguiram levar adiante medidas como piquetes nos locais de trabalho e atos de rua que levantavam as demandas da população, como a doação de sangue coletiva para denunciar o estado de calamidade da saúde pública. Além disso, a greve da USP teve medidas de solidariedade a outras lutas operárias, como as de Lear e Donnelley, ou a greve do metrô que ocorreu em São Paulo durante sua greve. Com esses métodos, os trabalhadores foram capazes de derrotar as duras ofensivas da reitoria, como o corte de salários dos trabalhadores em greve, a repressão policial aos piquetes ou a prisão de um delegado do comando por 45 dias ilegalmente.

De forma inédita, a greve da universidade foi levada à justiça, mas a força da greve foi capaz de impor que o tribunal obrigasse a reitoria a conceder um reajuste de 5,2% e um abono salarial retroativo a maio com esse valor, somando 28,6%. Além disso, foram revertidos os cortes salariais e a tentativa da reitoria de impor a reposição das horas de trabalho da greve – 920 horas – foi reduzida a um máximo de 70 horas, aberta a negociação em cada unidade com as chefias. A primeira negociação, na unidade de assistência social, já conseguiu impor a não reposição de horas, abrindo o precedente para que as demais unidades revertam completamente a punição.

A assembleia que decretou o fim da greve foi um momento emocionante e repleto de homenagens aos que permitiram que se obtivesse essa conquista, como por exemplo aos diretores mais antigos do sindicato (Sintusp), que durante décadas manteve a tradição combativa e democrática do sindicato, contrariando a tendência geral liderada pela CUT de transformar os sindicatos em órgãos de conciliação de classes no país. Os trabalhadores também prestaram sua solidariedade à luta dos trabalhadores dos correios que se inicia agora, e manifestaram seu repúdio à polícia que ontem assassinou um camelô na cidade.

Os trabalhadores, apesar de terem avaliado que a força de sua greve nesse momento não permitia seguir por mais, se mantém organizados e alertas para combater as medidas que não foram derrotadas, como a aprovação do PDV pelo Conselho Universitário; da mesma forma, a garantia de não desvinculação dos hospitais universitários que conseguiram arrancar publicamente do governador do PSDB, Geraldo Alckmin, continua sob vigilância atenta dos trabalhadores.

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