Sexta 19 de Abril de 2024

Movimento Operário

CAMPANHA SALARIAL DOS METROVIÁRIOS - 2012

Aliança com os usuários: fundamental para nossa luta!

18 May 2012   |   comentários

Os metroviários e demais trabalhadores de transportes na cidade de São Paulo e Região Metropolitana tem hoje uma enorme força social!
Na maior e mais importante Região metropolitana da América latina, o Metrô e CPTM, transportando mais de 4 milhões de passageiros por dia, são, hoje em dia, indispensáveis economicamente.

Essa importância se estende a diversos setores do estado e do país. Não é à toa que o governo do estado, sempre que chega a campanha salarial, começa com seu discurso de que somos “privilegiados” e queremos fazer greve para “prejudicar a população”.

Longe de estar de fato preocupado com os trabalhadores que utilizam o transporte todos os dias, se preocupa com os lucros de milhares de empresas, aliadas desses políticos, que serão prejudicadas caso paremos a cidade.

E o governo faz isso com o apoio da justiça, que determina sempre níveis absurdos de funcionamento (70, 90 e até 100% no horário de pico – isso por acaso é greve?) para nos impedir de exercer nosso direito de greve. Em última instância, a importância que tem nosso trabalho faz com que qualquer greve que façamos seja uma dura batalha contra o governo do estado.

Por isso não devemos agir sozinhos. Temos que ter a população trabalhadora do nosso lado e para isso é necessário lutar pelas suas demandas.

Este ano o lema de nossa campanha é “Mais metrô! Menos tarifa!”, o que achamos que ajuda muito nesse diálogo com a população, mas temos que fazer esforços concretos para lutar pela redução da tarifa. Essa luta não é somente nossa e nem vamos conquistar a redução da tarifa em mesas de negociação com a empresa. Temos que impor isso pela mobilização da juventude e dos trabalhadores! Para isso, devemos buscar os movimentos sociais, organizações estudantis e de juventude e sindicatos em geral, principalmente os de trabalhadores de transportes (CPTM, SPTrans, EMTU etc) que lutam contra o aumento da tarifa e nos organizar conjuntamente nessa luta. Propomos que o Sindicato dos Metroviários leve a esses setores a proposta de um Ato Unificado em frente à Secretaria de Transportes pela redução das tarifas.

Abaixo a privatização, a terceirização e precarização do trabalho! Em defesa dos metroviários da Linha – 4, terceirizados, estagiários, Jovens Cidadãos e aprendizes!

Também é interesse da população um transporte público de maior qualidade. A privatização privilegia os lucros das empresas concessionárias, sucateia e encarece o transporte, piorando e muito a qualidade. Além disso, a luta contra a privatização mascarada em terceirização também é uma luta pela manutenção de nossos empregos.
A terceirização e a precarização do trabalho pela via de Jovens Cidadãos, aprendizes e estagiários também vai aos poucos reduzindo o número de funcionários efetivos em nome da lucratividade, pagando salários miseráveis a esses trabalhadores para realizarem o mesmo trabalho que os metroviários efetivos realizam.

Recentemente, o presidente do metrô, em pronunciamentos públicos, se gabava de este ser o “metrô mais limpo do mundo”. Só se esquecia de dizer que esta limpeza é garantida por trabalhadores terceirizados, em sua maioria mulheres, que são obrigadas a trabalhar 6 dias por semana/9 horas por dia, recebendo salários de fome de 500 a 600 reais, sofrendo com os assédios da chefia e a falta de equipamentos, ao mesmo tempo em que são segregadas cotidianamente com “copas e banheiros para contratados”, uma clara política para dividir a nós trabalhadores.

Por isso defendemos que a luta contra a privatização, contra as PPPs, pela estatização imediata da Linha 4 – Amarela, contra a terceirização, contra os programas de precarização do trabalho da juventude e pela expansão do Metrô público e estatal deve ser um eixo político concreto de nossa campanha salarial. Por outro lado, caso isso se concretize, não pode ser que os trabalhadores da Linha 4, estagiários, Jovens Cidadãos, terceirizados etc, percam seus empregos. Por isso defendemos que eles sejam incorporados como funcionários do Metrô público e estatal, com os mesmos salários e direitos que os efetivos (a partir dos 18 anos no caso dos aprendizes e Jovens Cidadãos), sem necessidade de concurso público, pois a prova de que estão capacitados é que de fato já realizam o trabalho e são metroviários.

Aumento salarial, equiparação e 36h/escala base para todos que queiram!

Nessa campanha salarial, conforme aprovado em assembleia, pedimos 14,99% de aumento real, para além da inflação que sempre corrói nossos salários, que este ano foi de 5,13%. Também reivindicamos reajuste de 23,44% do VR e um VA de R$ 280,45. Devemos levar até o final a luta por essas reivindicações econômicas e, junto com isso, devemos lutar pela efetiva equiparação salarial, que ano passado conquistamos apenas parcialmente.

Além disso, consideramos essencial a luta pela jornada de 36h para todos, acabando com a diferenciação que existe na categoria entre os mais jovens e os mais antigos de empresa, pois todos realizamos o mesmo trabalho.

Todos os trabalhadores metroviários estão expostos à insalubridade, com ruídos, fuligem, poeira, equipamento eletrificados etc, e por isso é necessário reivindicar a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Para isso, devemos dar peso também para a extensão da escala-base a todos que queiram, pois não só reduz a jornada de todos, como também impede que a empresa obrigue setores da categoria a trabalhar nas escalas “cedão” e “tardão” para cobrir as noitadas que não são mais feitas pela falta de escala-base.

Mobilizar e organizar a categoria desde a base!

Para conquistar nossas reivindicações precisamos organizar a categoria não somente para as negociações, mas também para as manifestações e para uma possível greve. Ano passado, apesar da enorme mobilização que tínhamos na categoria, não nos organizamos com antecedência para a greve, a diretoria do sindicato se dividiu na decisão de greve na assembleia e acabou retirando a proposta de greve, deixando na mão os trabalhadores da CPTM e da Sabesp.

Para não repetir este erro, é preciso organizar e preparar a categoria desde já, pela base. Saudamos a iniciativa do sindicato de realizar, depois de muitos anos, uma setorial nas linhas, pois isso vai no sentido dessa organização de base da categoria. Porém, achamos que as setoriais, para serem mais democráticas, devem se realizar por trechos de estações, para que mais trabalhadores possam participar, e devem ser não somente informativas, mas também deliberativas, onde todos os trabalhadores possam colocar as propostas específicas dos trechos para serem levadas às assembleias. Além disso, é necessário conformar um comando de mobilização democrático, eleito pela base, a partir das reuniões setoriais das estações, do tráfego, da segurança, da administração e da manutenção.

Não às ameaças e perseguição à companheira Marília por suas posições políticas!

No 10º congresso dos Metroviários alguns companheiros de nossa agrupação escreveram e defenderam uma tese como delegados, onde constava, dentre diversas outras discussões, uma discussão polêmica sobre a segurança no Metrô. No Congresso alguns setores se organizaram para escrever uma moção de repúdio a essa tese. Essa moção foi aprovada, com o voto de alguns diretores do sindicato. Para nós foi justamente isso que permitiu que setores minoritários e reacionários da segurança se sentissem à vontade para fazer diversas provocações à companheira Marília (uma das delegadas que defendeu a tese no Congresso), chegando ao ponto de fazer ameaças telefônicas anônimas contra a companheira em seu local de trabalho, com xingamentos machistas e ameaças de que “vem chumbo”.

A assembleia do dia 24 de abril aprovou um posicionamento de repúdio a qualquer tipo de ameaça à companheira ou a qualquer trabalhador, por suas posições políticas, posicionamento expresso no Plataforma 584. Também no 1º Encontro de Mulheres da CSP-Conlutas foi aprovada uma moção de solidariedade à companheira. É importante essa iniciativa do sindicato e das mulheres da CSP-conlutas se posicionarem, pois esse não é um ataque somente contra uma companheira, mas um ataque a todas as mulheres trabalhadoras e aos trabalhadores que defendem a mais ampla democracia operária. Porém, seguimos na discussão com setores do sindicato, pois consideramos um grave equivoco aprovar moções de repúdio a posicionamentos políticos de quaisquer trabalhadores, pois esse não é um método condizente com o movimento operário democrático.

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