Quarta 24 de Abril de 2024

Juventude

Plenária Nacional contra a Reforma Universitária

Ainda falta unir e coordenar a luta para barrar as reformas

10 Oct 2004   |   comentários

No dia 12 de setembro, em Brasília, uma Plenária Nacional para discutir a Reforma Universitária reuniu mais de 1.000 pessoas, com maioria estudantil, além de professores, funcionários de universidades e sindicalistas. Organizada pelo PSOL, através da Andes, contou com a presença do PSTU, Conlute, esquerda petista, Comuna e Liga Estratégia Revolucionária ’ Quarta Internacional, entre outras correntes.

A massiva presença de estudantes do norte e nordeste trouxe à Plenária o calor das combativas greves que ainda se mantinham nas universidades federais. Centenas de estudantes viajaram cerca de 24 horas na expectativa de debater a reforma universitária e os planos de ação para unificar e organizar a luta contra as reformas do governo Lula.

Uma plenária burocrática que barrou a força das bases

Mais uma vez, as correntes políticas atuam burocraticamente para garantir o “consenso das correntes” contra os verdadeiros interesses da luta dos estudantes, professores e funcionários em defesa da universidade pública e gratuita e contra a reforma universitária. O PSOL, o PSTU e a esquerda petista (DS, Ação Popular Socialista, ex-Força Socialista, e Articulação de Esquerda) se reuniram nos bastidores e decidiram que a plenária não seria deliberativa e que apenas apresentaria um manifesto escrito entre eles, que não foi apresentado nem discutido nos grupos de trabalho e nas bases. Esse manifesto costurado entre as correntes expressa uma falsa política e não contribui para fortalecer a luta contra a reforma universitária. Por incrível que pareça, o manifesto não fala do governo Lula como responsável pela reforma, nem da UNE, como pelega apoiadora do governo. Muito menos, é óbvio, denuncia o PT, o PCdoB e a CUT. Como se vê, o manifesto das correntes mente e enfraquece a luta, ao esconder contra quem devemos lutar, quais os obstáculos, não permitindo que se busque as melhores táticas para superar as dificuldades e fortalecer a luta para barrar a reforma.

Este é o resultado prático da mentirosa “vitória” da plenária. A esquerda petista ficou feliz, porque impós sua política de apoio ao governo e ao PT e de cobertura da UNE e da CUT. O PSOL, apesar dos discursos, garantiu o acordo, numa política dupla de criticar o PT ao mesmo tempo em que apóia os petistas.

O PSTU e a Conlute, ao invés de se apoiarem nos setores mais combativos dos estudantes, mais uma vez privilegiou seus acordos de aparatos para “ficar bem com as correntes” , mesmo ao custo de ficar muito mal com as bases. Na prática, essa capitulação do PSTU e da Conlute favoreceu a esquerda petista e o PSOL que falam em unidade contra a reforma, mas não aceitam que se diga a verdade e denuncie o PT, o PCdoB, a UNE, a CUT e o governo como os verdadeiros responsáveis e traidores.

Perguntamos aos militantes do PSTU: afinal, qual é a verdadeira política deste partido e da Conlute? Na prática, na plenária e no dia a dia, fizeram acordos com as correntes do PT e o PSOL e comemoraram a “vitória da unidade e assinam manifesto” . No jornal do partido, criticam essas correntes e escrevem que estavam contra o manifesto aprovado na plenária. Então, companheiros, em qual momento devemos acreditar no PSTU? É possível ajudar a classe trabalhadora e a juventude a avançar com essa política dupla, oportunista na prática e “radical” no jornal?

Os militantes do PSTU concordam que em nome de acordos com as correntes governistas e o PSOL se tenha impedido que os estudantes grevistas da Paraíba e do nordeste sequer tenham podido falar na plenária para anunciar a realização do Ato de Protesto que fariam no dia seguinte, no MEC de Brasília? Os militantes do PSTU concordam em que nem ao menos a moção de solidariedade aos estudantes da PUC-SP que estão sendo punidos pela reitoria tenha sido lido, pois o acordo das correntes não permitia e o dirigente do PSTU que usou a palavra não a cedeu aos estudantes da PUC, nem sequer aos seus militantes da PUC?

A Plenária foi uma oportunidade perdida para unir e coordenar a luta contra a reforma universitária

A Plenária deveria preparar uma greve geral universitária nacional, antecedida de atos, manifestações e Encontros regionais e nacional, com delegados democraticamente eleitos nos cursos e faculdades de todo o país para discutir e deliberar as propostas e as táticas que preparassem um verdadeiro combate para derrotar a reforma universitária.

A plenária, organizada pelo PSOL em acordo com a esquerda petista e o PSTU, não tinha este objetivo. A esquerda petista não tem como estratégia barrar a reforma universitária do governo Lula. Seu propósito é pressionar o governo para ver como conseguem negociar e pressionar o Congresso com emendas paliativas sem contestar a privatização do ensino superior no interesse dos tubarões do ensino. Ao ser parte do PT, do governo e do Estado, com parlamentares, ministros e cargos na administração pública, a esquerda petista só pode cumprir o papel de paralisar e desviar a luta contra as reformas.

O PSTU, após se negar a lutar pela construção de uma greve geral universitária, nem mesmo conseguiu aprovar em “seu acordo com o PSOL e a esquerda petista” a sua impotente política de “Plebiscito nacional contra a reforma” . Isso mostra que esses acordos só favorecem os petistas e os oportunistas.

Paralisar as universidades no dia 11 e preparar a Marcha a Brasília e a greve geral universitária para barrar a reforma universitária

No dia 11 de novembro está previsto realizar paralisações nas universidades contra a reforma universitária. Em cada lugar devemos coordenar as atividades entre estudantes, professores e funcionários para garantir que façamos uma grande jornada de ações que comecem a esquentar os motores para a marcha em Brasília no dia 25.

Os esforços em cada curso e faculdade são necessários porque os acordos burocráticos entre a esquerda petista, o PSOL e o PSTU não garantem nada. Se os estudantes, principalmente, junto com os professores e os funcionários não tomarem a organização do dia 11 e do dia 25 corremos o risco de ter uma ação fracassada, já que não podemos confiar que a esquerda petista, governista como é, mobilize em suas faculdades para fortalecer a luta. O PSOL talvez jogue um peso maior, já que se o dia 25 for um fracasso estaria questionada a sua política. O PSTU/Conlute está dividindo esforços entre o dia 25 e a realização do “plebiscito sobre a reforma universitária” .

Nessa situação, todos aqueles que seriamente estão dispostos a colocar todas as suas forças para barrar a reforma universitária estão chamados a tomar a linha de frente, organizando em cada curso e faculdade, pelas bases, as reuniões, assembléias e encontros que preparem os dias 11 e 25, aproveitando para discutir um plano que culmine com uma greve geral universitária nacional, unificando estudantes, professores e funcionários para barrar a reforma universitária.

Uma greve geral universitária, nacional, teria um enorme impacto entre os trabalhadores e a população pobre, ajudando a desmascarar o governo Lula e ganhando simpatia e apoio. Um governo forte como o de Lula, que conta com as ilusões de milhões de trabalhadores, o apoio da burguesia nacional e internacional e dos burocratas sindicais, não pode ser enfrentado apenas com atos e marchas.

Ainda assim, precisamos nos preparar para unificar o conjunto dos trabalhadores contra as reformas sindical e trabalhista, o arrocho salarial, o desemprego e a miséria. Para conquistar essa unidade, as correntes políticas, os dirigentes sindicais e os ativistas devem tomar a iniciativa de se dirigir aos milhões de trabalhadores, das categorias mais importantes da cadeia produtiva para denunciar os ataques do governo Lula, pedir solidariedade e chamar a unificação e coordenação dos sindicatos e do movimento estudantil para convocar um Encontro Nacional com representantes eleitos nas bases que possa discutir democraticamente todas as questões pertinentes e votar um plano de ação e um programa capaz de unir e coordenar os milhões de trabalhadores, empregados e desempregados, para preparar uma greve geral nacional que paralise as universidades, a produção, os serviços, os transportes e o sistema financeiro para barrar as reformas e impor o atendimento das reivindicações da classe trabalhadora, dos estudantes e do povo pobre.

A Conlutas e a Conlute devem tomar a iniciativa de discutir em seus encontros estaduais e no nacional, em janeiro, a necessidade de convocar um Encontro Nacional deste tipo que sirva para superar a atual divisão imposta pelos burocratas da CUT que apóia as reformas do governo Lula e separa os sindicatos e os trabalhadores dos estudantes e da comunidade universitária.

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