Quinta 18 de Abril de 2024

Nacional

Greve das Universidades Paulistas

Abertura imediata da contabilidade das universidades

05 Jul 2004   |   comentários

Os reitores, e principalmente o reitor Melfi, apesar da grande força da greve, principalmente a da USP, têm atuado desde o princípio com o objetivo de negar as reivindicações e derrotar a greve e esse novo processo de politização expresso pelos grevistas.

Os reitores respondem a exigência dos 16% com sucessivos 0%, sempre com a esfarrapada desculpa de que os “números” , as verbas, não permitem reajustes nem benefícios. Porém, os próprios números apresentados pela Unesp já estão sendo contestados, mostrando que os reitores mentem porque continuam escondendo os verdadeiros números das universidades, que vêm sendo sucateadas com desvios de recursos para as fundações e ações contrárias aos interesses da universidade pública.

Com a força da greve, o reitor Melfi desmentiu essa conversa fiada da falta de dinheiro quando apresentou a proposta de reajustar o vale alimentação para R$ 100,00, passando a conceder esse benefício a todos os mais de 4.000 professores. Isso prova que dinheiro existe, mas os reitores querem continuar mentindo e enganando com o discurso de que as verbas não bastam e a “culpa” é do ICMS. Os reitores pretendem fazer com que os grevistas aceitem, mais uma vez, as perdas salariais, a falta de funcionários e professores em nome da limitação do orçamento destinado a pagamento de pessoal para que sobre recursos para as fundações.

Se os grevistas aceitarem essa mentira vão seguir acumulando perdas enquanto o sucateamento e privatização avançam sob o mando desses reitores que se mostram cada vez mais contrários aos interesses da universidade pública e gratuita.

A universidade é publica; a contabilidade da universidade também deve ser pública e transparente

Para desmascarar as mentiras dos reitores e provar que há verbas, mesmo com um orçamento reduzido pelas políticas privatizadoras dos governos, suficientes para garantir salários, contratação de professores e funcionários e melhoria das condições de ensino e a abertura de vagas.

Não há dinheiro para essas necessidades, mas há para a compra de dezenas de viaturas para uso da polícia e da guarda universitária. Quando o reitor Melfi quer dividir e derrotar a greve na USP encontra dinheiro para conceder verbas de representação aos professores de pósgraduação, por exemplo. Os gastos para garantir os privilégios dos professores e diretores da cúpula universitária ’ carros, motoristas, verbas de representação, festas e cafés da manhã etc. ’ somam fortunas que são desconhecidas de todos. As transações financeiras entre os reitores e as fundações são um segredo absoluto.

Os “números” do reitor Melfi e do Cruesp são mentirosos e escondem a real situação financeira das universidades. Por isso eles só permitem que se conheçam tabelas com números falsos e manipulados e não a contabilidade total das universidades.

Os reitores agem como qualquer empresário capitalista que manipula os números com balanços falsos.

Abrir a contabilidade, e não apenas os “números” das universidades, permitiria revelar a caixa preta com a qual os reitores, em consonância com os governos e as fundações, escondem o verdadeiro saque de recursos públicos em prol dos interesses privados e capitalistas.

É possível pagar os 16%, reajustar o vale alimentação, extender os benefícios aos professores e aposentados, garantir assistência estudantil e demais necessidades se os recursos forem geridos para acabar com os privilégios da cúpula administrativa e a transferência para as fundações e empresas capitalistas.

Dinheiro há, basta que a sua utilização seja democrática e transparente.

A universidade é pública e sustentada com os impostos cobrados dos trabalhadores e do povo. Logo, a mínima exigência democrática deve ser exigir que a real situação financeira seja transparente e pública para que a sociedade possa conhecer e, assim, os professores, funcionários e estudantes, convocando representantes das organizações sindicais, de trabalhadores e da população pobre para prestar contas dos recursos públicos destinados à universidade, possam decidir como e onde devem ser gastos os recursos, combatendo o sucateamento que atende aos pelos interesses privados e capitalistas.

Democratizar a universidade exige que a comunidade universitária ’ e não a cúpula administrativa que vive de privilégios ’ tenha o controle sobre os recursos para, inclusive direcionar uma forte luta para conquistar mais verbas que financiem novos cursos, assistência e moradia estudantil, contratação de professores e funcionários, apoio à pesquisa e extensão etc.

Nota contra a repressão na USP, distribuída pelo Sintusp

Reitoria da USP usa polícia para atacar trabalhadores em greve

Hoje, por volta das 10h30min e novamente às 12h00, o Reitor da USP, Adolpho José Melfi, utilizou a polícia militar e a guarda universitária para agredir trabalhadores que estavam no piquete em frente ao prédio da Reitoria.

Na semana passada o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) determinou que não haveria mais negociação até que os funcionários e professores apresentassem uma contraproposta. O Fórum das Seis, que representa professores e funcionários das três universidades paulistas, apresentou ontem a contraproposta de 9,41% de reajuste com a proposta de uma negociação com o Cruesp para hoje.

Essa é a forma de negociação do Reitor Melfi, que pretende derrotar a greve dos funcionários da USP que já dura 33 dias sem que o Reitor tenha apresentado outra proposta além de seis ZERO PORCENTO de reajuste, quando os funcionários reivindicam 16% para repor suas perdas salariais.

Durante a madrugada de hoje a Reitoria ordenou a retirada de todas as faixas de greve na universidade, além de montar um aparato policial e repressivo desde as primeiras horas com policiais à paisana nos carros da guarda universitária e camburões da polícia com armamento pesado vigiando os trabalhadores que montavam, como sempre, os seus piquetes. Aproveitandose de que a maioria dos trabalhadores havia se retirado da porta da Reitoria para participar de uma aula greve, a polícia e a guarda universitária atacaram os funcionários e estudantes com violência.

Com essa medida repressiva do Reitor Melfi, todos os sindicatos, organizações políticas, estudantis e populares devem se posicionar firmemente repudiando a repressão policial e a utilização da PM na USP, atacando diretamente a autonomia universitária.

Abaixo a repressão na USP

Pelo imediato atendimento das reivindicações dos funcionários, professores e estudantes das três universidades paulistas (USP, Unesp e Unicamp) e da Fatec.

Fora Melfi
Fora a Polícia do campus
Todo apoio à greve dos funcionários, professores e estudantes da USP, Unesp e Unicamp

São Paulo, 29 de junho de 2004

Envie suas moções para:

Gabinete da Reitoria - [email protected]
com cópia para o Sintusp - [email protected]

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