CALOURADAS
Abaixo o trote violento e as calouradas sem conteúdo!
07 Mar 2009
| comentários
Por: Rafael dos Santos
O início das aulas se deu em meio a uma enorme crise capitalista, o que por si só já deveria reafirmar a necessidade dos estudantes refletirem e tomarem ações concretas para que não sejam os trabalhadores e a juventude quem pague pela crise dos capitalistas.
Na contra mão dessa necessidade, muitas calouradas, importante momento para o primeiro contato entre calouros e a universidade, expressaram o oposto. Foi comum ler nos jornais vários casos de trotes violentos, como foi o caso da estudante grávida que foi queimada no interior de SP, ou do jovem na cidade de Leme- SP que teve coma alcoólico depois de ser forçado a ingerir muita bebida. Importante lembrar que muitas dessas calouradas foram organizadas por entidades estudantis governistas, conservadoras ou que se dizem “apolíticas” , mostrando como faz muita falta a existência de entidades estudantis combativas, antigovernistas e que politizem as calouradas. Ainda que, infelizmente, a despolitização das calouradas não é mérito somente dos governistas...
As calouradas devem ser um momento onde os novos estudantes comemorem sim sua entrada na universidade, mas que principalmente sirva para fazê-los refletir sobre o fato de que a universidade é uma realidade para uma ínfima minoria da população, sendo que no caso das públicas os números são ainda mais tenebrosos. [1]Não devemos naturalizar o fato de que a grande maioria dos jovens, quando conseguem entrar no ensino superior, estão nas universidades privadas, tendo que arcar com caríssimas mensalidades, a conciliação entre trabalho e estudos, sendo que muitos não conseguem concluir. [2]
É por isso que lutamos por calouradas que sejam de comemoração e protesto e que busquem superar o abismo entre o movimento estudantil das públicas com os estudantes das particulares, aportando para a luta pela transformação radical das universidades, para que a arranquemos das mãos dos burocratas e capitalistas e coloquemos à serviço dos trabalhadores.
Rafael Borges - militante da LER-QI e membro do DCE da UNESP/FATEC
[1] Segundo dados do censo do Ensino superior, IPEP, apenas 11% dos brasileiros na faixa dos 18 a 24 anos estão na universidade e apenas 2% da população brasileira estão nas universidades públicas
[2] 70% dos universitários estão nas privadas, segundo estatisticas do IPEP
Artigos relacionados: Juventude
Não há comentários para este artigo