Quinta 25 de Abril de 2024

Nacional

Abaixo a repressão, os assassinatos e a criminalização contra os lutadores sociais

05 Dec 2004   |   comentários

Os governos estaduais, principalmente o de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, têm descarregado uma ofensiva repressiva contra os trabalhadores, a juventude, os sem teto e os sem terra. Nas últimas semanas, somente em São Paulo, a política militar atacou covardemente crianças e adultos que ocuparam dois prédios abandonados em buscam de moradia.

No dia 11 de outubro, na av. Sumaré, o governo Alckmin lançou a força tática contra 150 estudantes da PUC que se manifestavam contra a reforma universitária que o governo Lula está implementando para favorecer os tubarões do ensino.

A polícia chegou atacando com cassetetes e balas de borracha, ferindo mais de 10 estudantes. A ação da polícia foi tão violenta que vários vizinhos de um prédio, ao ver as cenas, gritavam para que os policiais parassem o espancamento. A resposta da polícia foi com tiros de bala de borracha dirigidos contra a janela desses vizinhos, atingindo uma moradora.

As imagens, transmitidas por grandes redes de televisão, chocaram a todos com cenas de policiais atirando com balas de borracha mirando o rosto dos estudantes, além de uma covarde agressão contra um dos estudantes que, deitado e indefeso, foi espancado por vários policiais e depois arrastado pela rua.

Diante de tanta barbaridade, a própria imprensa reservou grande cobertura por vários dias. A Folha de S. Paulo relatou os fatos comparando com a brutal invasão que a polícia militar, comandada pelo coronel Erasmo Dias, realizou contra as instalações da PUC em 1977, na época do regime militar. As imagens transmitidas pelas redes de TV não deixavam dúvidas do grau de brutalidade da polícia sob as ordens do Secretário de Segurança Saulo de Abreu, um dos pré-candidatos do PSDB ao governo do estado em 2006.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, mesmo depois de ver as filmagens, continuava tentando justificar a ação policial e reafirmava que a sua orientação é para reprimir toda e qualquer manifestação pública.

Como se não bastasse, cinco estudantes foram detidos no 23º Distrito Policial, acusados de “depredação de património” e “agressão contra policiais” . É um disparate, estudantes indefesos são covardemente atacados por policiais e ainda são incriminados e detidos durante uma noite inteira, sofrendo agressões no interior da delegacia. As arbitrariedades não paravam aí, pois o vizinho que sofreu os tiros dos policiais quando gritava para que parassem de massacrar os estudantes esteve na delegacia para prestar queixa, mas a delegada não o atendeu para evitar que os policiais fossem incriminados.

Esta onda repressiva contra os lutadores sociais vem acompanhada dos massacres que os latifundiários e seus bandos armados lançam contra os sem terras, como o covarde assassinato de 5 sem terras na cidade de Felisburgo, Minas Gerais, num acampamento que foi invadido por 15 homens armados que chegaram atirando e ateando fogo nas barracas, com a clara intenção de matar muitos sem terras. Entre esses assassinos financiados pelos latifundiários, como sempre, a imprensa já denuncia a participação de policiais.

Em outros estados, estudantes têm sido reprimidos por protestarem contra o sucatamento do ensino público e contra a reforma universitária, como ocorreu na Universidade Federal de Maringá, Paraná, e no Encontro de Secundaristas na UERJ, Rio de Janeiro.

O movimento sindical, estudantil e social não pode ficar calado diante dessa ofensiva repressiva e da criminalização dos lutadores sociais que de vítimas passam a criminosos processados. A resposta deve ser uma imediata campanha nacional e internacional denunciando os governos, os latifundiários, os policiais e seus comandantes como responsáveis pela violência e morte de lutadores sociais. O governo de Lula e do PT, que a cada dia apóia e fortalece os setores mais ligados ao regime militar e aos órgãos de repressão, também deve ser responsabilizado pelos ataques que sofrem nossos companheiros de luta e suas organizações.

Esta campanha deve ser encampada especialmente pelos sindicatos que compõem a Conlutas e as organizações estudantes da Conlute, na medida em que esses são os principais movimentos que se contrapõem à política do governo Lula e dos governos estaduais.

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