Quarta 24 de Abril de 2024

Internacional

Bolívia

Abaixo a escalada repressiva contra ativistas da UTO

10 Oct 2004   |   comentários

No inicio de setembro os estudantes da UTO (Universidade Técnica de Oruro, na Bolívia) iniciaram uma grande batalha contra as camarilhas que controlam a universidade. No dia 2 de setembro uma marcha estudantil tomou as instalações da reitoria obrigando o reitor a renunciar. Depois, respondendo às agressões que partiam da faculdade de direito, os estudantes ocuparam a faculdade, prendendo e golpeando duramente os direitistas responsáveis pela agressão.

A partir daí se generalizou nesta universidade uma verdadeira revolução universitária, cujo principal objetivo é a luta para expulsar a burocracia universitária e impor um governo tripartite, com maioria estudantil, como forma de avançar na luta para colocar a universidade a serviço dos trabalhadores.

Segundo Alexander Chino, ativista da UTO, em entrevista para o jornal Palabra Obrera da Bolívia, “Anteriormente na universidade se aplicava o co-governo paritário, quer dizer 50% estudantes e 50% docentes. Porém, infelizmente esse co-governo foi mal interpretado pelos docentes. O tri-governo consiste em uma maioria estudantil com 60%, docentes 20% e funcionários 20% de governo operário” ... “Se queremos que a universidade mude, que haja controle da população sobre os recursos da universidade, que se fala realmente de uma educação garantida por recursos públicos e gratuita, nós propomos um governo baseado no proletariado, porque eu creio que a universidade responde ao povo e deve responder ao proletariado ’ mineiros ’ e não à classe burguesa.”

Sob essa base os estudantes da UTO assustam a classe dominante boliviana e a burocracia sindical pelo enorme potencial revolucionário de sua luta. Desde o inicio toda a imprensa burguesa guardou silêncio sobre os acontecimentos e se iniciaram as ameaças e prisões de ativistas. A partir do inicio de outubro esse processo se intensificou e culminou no dia 7 com uma tentativa de assassinato contra uma ativista que foi atropelada por capangas a mando da burocracia universitária, e foi parar no hospital. Depois disso, uma série de ativistas passaram a receber telefonemas ameaçadores. A batalha que foi iniciada em Oruro não será fácil e os estudantes só poderão sair vitoriosos se contarem com o apoio cada vez mais ativo do povo, dos trabalhadores de Oruro e do movimento estudantil boliviano. Para que essa perspectiva possa se concretizar os estudantes necessitam de seus próprios organismos de autodefesa para não serem presas fáceis dos capangas da burocracia universitária e das ameaças policiais.

A partir do Brasil nos colocamos incondicionalmente ao lado dos estudantes bolivianos e reafirmamos a necessidade da mais ampla unidade contra as medidas repressivas que são uma realidade hoje na Bolívia, na Argentina, com a política repressiva do governo Kirchner, no Brasil, com a repressão cada vez maior nas universidades, contra o MST e agora com os recentes assassinatos de moradores de rua. Devemos multiplicar por toda a América Latina atos contra a perseguição política, como o que aconteceu no dia 16 de outubro, em Buenos Aires, com a participação de mais de 15 mil pessoas.

Nós, que desde o inicio de setembro estamos transformando a luta dos estudantes bolivianos num exemplo para os estudantes brasileiros, nos colocamos na linha de frente contra a política de perseguição e ameaça da burocracia universitária da UTO que visa amedrontar os estudantes para impedir que a sua luta se desenvolva e se transforme num grande exemplo para os estudantes da Bolívia e de toda a América Latina.

Artigos relacionados: Internacional , Juventude









  • Não há comentários para este artigo