Quarta 24 de Abril de 2024

Nacional

DEBATE NA TV GLOBO

A polarização midiática ente PT e PSDB e o que nos espera ano que vem

25 Oct 2014   |   comentários

No teatro montado pela Rede Globo, os problemas mais sentidos pela população, como educação, saúde, moradia, emprego, saneamento básico e abastecimento de água são respondidos com declarações genéricas. As acusações recíprocas de corrupção apenas revela a lama em que estão metidos ambos partidos.

Ao assistir o último debate na rede globo, nós trabalhadores que nos preparamos para votar nesse domingo não podemos deixar de sentir que estamos sendo enganados tanto pelos candidatos quando pela mídia que prepara esse espetáculo televisivo a ser consumido em horário nobre, esperando o maior ibope, uma grande audiência.

Ambos os candidatos trocam farpas, acusações, exaltam números de seus governos ou de correligionários, pouco (ou nada) falam de seus projetos de governo, tudo isso sobre a cobertura das câmeras e com mediação do ancora do Jornal Nacional, Wilian Bonner. O debate no canal mais popular no Brasil é momento privilegiado para que se possa vender sua mercadoria, e cada um dos candidatos, obviamente muito bem instruídos por seus marqueteiros, tenta mostrar a qualidade de seu produto, o que o distingue de seu similar, o que o torna melhor para que consumidor/eleitor o escolha frente ao outro oferecido na prateleira.

Nesse grande show televisivo, que mais parece um novo programa de auditório - com todos seus quadros apelativos - do que um efetivo debate político, tentam fazer parecer que ali se expressam realmente projetos e interesses distintos, que a escolha do candidato tucano ou da candidata petista será uma grande transformação em nossa vida. Dizem que o governo do PSDB será um governo de estabilidade e segurança para os investidores, o que gerará emprego e renda, um governo petista será um governo popular em que continuaremos os pretenso avanços na área social.

Esquecem de mencionar que antes de serem representantes de distintos projetos políticos, que muito diferente de defenderem interesses contraditórios, ambos governam e governarão defendendo os interesses comuns dos patrões e dos ricos e que se existem diferenças entre as duas candidaturas são as diferenças que se expressam dentro da classe dominante sobre como lidar com o aprofundamento das contradições e das lutas sociais que vem se dando desde junho do ano passado e que tendem a ganhar uma nova fase no ano que vem na medida em que piore a recessão econômica.

Quando olhamos por trás da cortina de fumaça criada por uma mídia interessada em criar um falso clima de participação popular, com a participação de “eleitores indecisos” que tem que ler perguntas prontas aprovadas de antemão pela produção do programa televisivo, vemos que em nada nesse “espetáculo da democracia” podem se colocar e se expressar as opiniões dos trabalhadores e dos setores oprimidos, e que a farsa eleitoral da falsa democracia dos ricos é apenas jogo de cena para legitimar a dominação política dos capitalistas sobre a maioria da população.

E sobre a crise, o que dizem os candidatos?

As acusações entre ambos são fortes, cada um citando casos de corrupção mais escabrosos que atingiram o adversário. Mas por trás da polarização superficial isso apenas mostra o quão degradado é o sistema político brasileiro, o quão mesquinha e degenerada é a casta que dirige o país para a burguesia. Quando são citados os problemas estruturais que atingem a sociedade brasileira, a baixíssima qualidade da educação e da saúde, a miséria que afeta milhões de pessoas, etc., declarações genéricas, citação de números sem qualquer fundamentação e toda uma série de promessas, que por experiência sabemos o valor que têm.

Frente ao aprofundamento da crise econômica que se torna cada vez mais presente no Brasil, nenhum dos dois candidatos diz que medidas tomarão. Ambos sabem que esse é assunto espinhoso, que tira votos, pois qualquer um que seja eleito será obrigado a levar à frente ataques aos trabalhadores e aos oprimidos. Logo, num acordo tácito provavelmente proposto por seus marqueteiros, evitam tema que pode sujar sua “marca”.

A operação de marketing por trás do voto útil no “mal menor”

Esse mais recente processo eleitoral mostra a nós, trabalhadores, à juventude e aos demais setores oprimidos da população, como a democracia dos ricos é apenas mais um espetáculo numa sociedade em que tudo é feito para ser comercializado. A polarização entre os candidatos é repleta de jogo de marketing e de manobras políticas.

O PT, para alentar o voto útil em Dilma como mal menor, agita o fantasma de que com a ascensão do PSDB viria junto uma onda conservadora e direitista. Por suposto que, para fazer esse discurso, escondem as figuras da direita como Sarney, Maluf e Marco Feliciano que sustentaram os governos petistas; e escondem que as melhorias de vida da população nos últimos anos foram proporcionalmente muito inferiores ao aumento dos lucros empresariais.

Já o PSDB, para alentar o voto em Aécio como mal menor, agita o fantasma de que com o PT o Estado se transformou em uma máquina de corruptos. Aqui, também, só podem fazê-lo escondendo os usos que os próprios tucanos fazem da maquina estatal, que em nada deixam a dever para o PT.

Vote nulo para retomar o caminho de junho de 2013

A campanha eleitoral oferece mercadorias nas prateleiras a serem consumidas na mesa de jantar da família, enquanto as verdadeiras decisões tomadas pela classe dominante, aquelas que fazem com que apesar de todas as promessas que são feitas em todas as eleições virem papel molhado, se dão por trás dos bastidores, longe da influencia perturbadora dos eleitores. Assim o Brasil como um dos países do mundo com serviços públicos mais precários e mais caros e com uma das castas de parasitas mas separadas do povo. O único caminho para reverter essa situação é o que foi apontado pelas manifestações de junho de 2013.

Uma verdadeira alternativa política não passa por escolher qual o menos pior entre os candidatos/mercadoria dos capitalistas. Entre duas opções que não nos representam devemos nos negar a escolher o “mal menor” e votar nulo para não dar legitimidade ao próximo governo, buscando construir uma real arma dos trabalhadores, um partido político que represente os interesses de nossa classe, que seja ferramenta para organizar nossas lutas frente aos ataques que certamente virão com a agudização e o aprofundamento da crise.

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