Sexta 19 de Abril de 2024

Juventude

ELEIÇÕES DO CACS – PUC-SP

A necessidade da unidade dos que lutam para combater a direita e os governistas no Movimento Estudantil

22 Mar 2008 | Carta aberta da chapa Germinal à chapa Te Convido a Lutar   |   comentários

Desde o ano passado a reitoria aumentou significativamente a repressão na Universidade. Em 2002 chegaram os Grabers, segurança privada, e instalaram as câmeras por todos os lados. Hoje a repressão que existe nos impede não apenas de realizar manifestações, mas também de entrar com um mero sofá dentro da universidade, como aconteceu recentemente no CONFIL, onde um estudante levou um soco de um Graber por tentar entrar com um sofá no Centro Acadêmico. Além, claro, da ameaça de expulsão de 9 estudantes após a invasão da universidade pela Tropa de Choque.

Porque uma universidade que lutou contra a ditadura e abrigou manifestações estudantis agora chama a policia para reprimir o movimento estudantil, e barra estudantes por portar um violão? Porque há muito tempo a saída que a reitoria quer dar para a crise da PUC é descarregá-la nas costas dos estudantes, professores e funcionários com o aumento das mensalidades em 10 anos em mais de 500% (sic), ao passo que as bolsas iam se extinguindo, e em 2006 mais de mil demissões entre professores e funcionários. A cada avanço que dava a reitoria a repressão avançava junto.

O momento atual é decisivo, pois estamos prestes à votação do Redesenho Institucional, no qual um dos pontos diz, seguindo a ladainha da igreja e dos bancos, que fechará os cursos deficitários, ou seja, a Faculdade de Ciências Sociais pode estar com seus dias contados. É por isso que a Reitoria precisa acabar com qualquer resistência a ela, e isto não apenas nos atos políticos, mas na resistência através da cultura, já que até mesmo exposições foram proibidas na Universidade. É dessa maneira que se começa a dar os contornos de uma universidade fria e sem vida, que apenas reproduz a mesma ordem.

Frente a esta situação, podemos dizer que existe hoje na universidade uma polarização entre os que em nome de cinicamente “garantir a normalidade e a democracia” defendem a polícia no campus, a repressão e os planos elitistas da reitoria, e os que se levantam contra a repressão aos estudantes, professores e funcionários e querem real democracia, que significa o fim da perseguição e também fornecimento de bolsas, redução de mensalidades, garantia de que os inadimplentes não sejam expulsos, etc.

Nós, da Chapa Germinal nos colocamos na segunda perspectiva, e queremos abrir um diálogo com todos os estudantes sobre a necessidade de nos unirmos neste momento decisivo. Vemos que o Redesenho e sua implantação será o inicio do fechamento da crise da universidade de uma forma totalmente autoritária e aprofundando seu curso cada vez mais elitista. Vemos que a entrada da polícia no campus o ano passado abriu um precedente inédito na PUC-SP, fazendo com que os setores mais reacionários dos professores e estudantes, embora minoria em relação ao conjunto dos estudantes da Faculdade de Ciências Sociais (CS), tenham se animado a levantar a cabeça e render homenagens intoleráveis à polícia assassina, que massacra cotidianamente os pobres e negros do país.

Isso se expressa nas chapas que concorrem ao Centro Acadêmico, e que de maneira mais abertamente de direita ou com um discurso mais “moderado” , servem aos interesses da reitoria. Enquanto a CACS-Livre (chapa governista do PCdoB) é faceta pretensamente “dialogada” da política da reitoria, enquanto a defesa enraivecida da reitoria e da polícia cabe à chapa Verão de Salvador, que por trás de um discurso despolitizado abriga pessoas que se declaram abertamente integralistas, uma espécie de fascismo brasileiro.

Frente a esta situação, acreditamos que os setores que se colocam contra os planos da reitoria, a entrada da polícia, o desmonte total da universidade pelos bancos e pela igreja tem que se unir. Desde o ano passado viemos discutindo, em especial com os companheiros do PSTU, da chapa Te Convido a Lutar, a necessidade de unificar os setores combativos do movimento estudantil. É neste sentido que nos dirigimos a todos os companheiros da chapa Te Convido a Lutar, pois consideramos que estão cometendo um grave erro ao dividir os setores que estão contra o Redesenho Institucional e a repressão, luta à serviço da qual tem que estar o Centro Acadêmico.

Para além das diferenças que mantemos, sobretudo com o PSTU, e que nunca escondemos, acreditamos que a luta contra a reitoria, seus planos e seus agentes, é muito mais importante que diferenças secundárias. Assim, não entendemos como mesmo tendo à frente setores de direita (e de ultra-direita) se organizando, os companheiros da Chapa Te Convido a Lutar sigam acreditando que o mais importante é fazer oposição a nós, que somos parte indiscutível do setor combativo do movimento estudantil da PUC-SP. Esta divisão só pode favorecer a direita. Concordamos que apenas palavras não bastam, e é justamente por isso que construir uma chapa por fora dos processos de luta e por fora do combate ao governo e à direita é papel molhado.

Como parte das ações, iniciamos uma ofensiva campanha de cartazes, vídeos e exposições, além de estar travando uma batalha para organizar um grande ato no dia 25/03, trazendo intelectuais e lutadores do tempo da ditadura, mobilizando professores e funcionários da PUC para colocar a reitoria na ofensiva e demonstrar qual é a tradição democrática da PUC.

Voltamos a perguntar: qual a política mais conseqüente para derrotar o governismo e a direita dentro da universidade? Estamos mais fortes para fazer isso separados ou unificados? Por que não unificar os setores combativos pra lutar contra a repressão e o redesenho? Chamamos a chapa Te Convido a Lutar a responder estas questões não somente a nós, mas ao conjunto do estudante da Faculdade de CS e de toda Universidade.

Artigos relacionados: Juventude









  • Não há comentários para este artigo