Quinta 25 de Abril de 2024

Juventude

ELEIÇÕES ESTUDANTIS

A luta por entidades democráticas e combativas avança na USP

06 Dec 2014   |   comentários

Em meio a uma importante crise instaurada na Universidade de São Paulo, e após uma das maiores greves que a Universidade já viu, diversas eleições para Centros Acadêmicos ocorrem. Nós, da Juventude ÀS RUAS e do grupo de mulheres Pão e Rosas, entramos nessas eleições com o objetivo de constituir fortes entidades estudantis que organizem os estudantes ao lado dos trabalhadores na luta contra a reitoria, o governo do estado e pela transformação do (...)

Em meio a uma importante crise instaurada na Universidade de São Paulo, e após uma das maiores greves que a Universidade já viu, diversas eleições para Centros Acadêmicos ocorrem. Nós, da Juventude ÀS RUAS e do grupo de mulheres Pão e Rosas, entramos nessas eleições com o objetivo de constituir fortes entidades estudantis que organizem os estudantes ao lado dos trabalhadores na luta contra a reitoria, o governo do estado e pela transformação do conhecimento à serviço dos trabalhadores. Participamos das eleições para Centro Acadêmico da faculdade de educação, do curso de Letras, de Ciências Sociais e de História.

Em cada curso levantamos um programa que partisse das demandas mais sentidas pelos estudantes (cortes de permanência, pesquisa, congelamento da contratação de professores e funcionários, desvinculação do Hospital Universitário, etc.) para um profundo questionamento da estrutura de poder que é responsável pela crise pela qual a universidade passa. É papel fundamental do centro acadêmico conseguir organizar os estudantes em torno de um programa que dê uma saída para a atual crise, através da abertura dos livros de contas da Universidade, de um processo estatuinte que acabe com a atual estrutura de poder arcaica e antidemocrática de forma a instaurar um governo composto pelos três setores da Universidade. Mas não paramos por aí. Uma entidade que não se proponha a combater o elitismo e o racismo dentro de uma universidade como a USP está fadada a girar em torno de si própria. Por isso defendemos cotas raciais proporcionais ao número de negros do Estado de SP (cerca de 36%), o fim do vestibular, filtro social que exclui os filhos de trabalhadores do acesso ao ensino superior, e a estatização das Universidades privadas.

Entramos nessas eleições também com uma concepção de entidade distinta das que as correntes da esquerda tradicionalmente reproduzem. Defendemos gestões proporcionais nos CA’s, fazendo com que cada chapa seja representada dentro da gestão, tornando-a mais representativa e garantindo que as posições minoritárias possam ser expressas.

É papel do movimento estudantil, e portanto do centro acadêmico, fomentar o pensamento crítico na universidade, principalmente em cursos de humanas como os que atuamos. A maior parte do conhecimento produzido na universidade hoje é voltada aos interesses do mercado e pouco interessa à população que o financia através do ICMS (maioria trabalhadora do estado). A disputa ideológica da universidade é chave na transformação de uma sociedade capitalista para uma sociedade socialista, por isso defendemos desde já currículos pensados e construídos pelos estudantes junto aos trabalhadores.

Em meio a essa batalha, nos enfrentamos com o governismo (PT, PCdoB, PPL e LPJ) que durante a Copa do Mundo se silenciou diante das remoções de milhares de famílias, das mortes de operários na construção de estádios e do enriquecimento das grandes empreiteiras, e com a esquerda tradicional representada pelo Juntos! (PSOL), RUA (PSOL) e pelo PSTU que abandonaram a greve que durou 4 meses mesmo dirigindo a atual gestão do DCE.

Na faculdade de educação travamos uma importante batalha em que o RUA, apoiado pelas correntes governistas, acabou vencendo a eleição. Se apoiaram fortemente no rechaço que existe no movimento estudantil para conformar uma chapa sem programa, que não responde à realidade nem da faculdade, nem da USP.

Semelhante coisa ocorreu nas eleições para CA na Letras e nas Ciências Sociais, em que o governismo se apoiou na despolitização e no refluxo do movimento estudantil para se manter em um CA corporativo.

No CA da faculdade de educação, a nossa chapa, Da Lama Ao Caos, obteve 123 votos contra 129 da chapa PRAXIS (RUA e independentes). Na Letras a nossa chapa, Por Isso Me Grito, obteve 243 votos contra 354 da Ruído Rosa (LPJ e independentes) e 172 da Flores de Mandacaru (Juntos!, RUA e PSTU). Nas Sociais, tivemos 43 votos na chapa Da Ponte Pra Lá contra, 299 para a Motirõ (governismo) e 114 para a Irerê (Juntos!, RUA e PSTU). Na História, as eleições seguem e a chapa Pisa Ligeiro coloca a perspectiva de lutar por um movimento estudantil aliado aos trabalhadores e por entidades combativas.

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