Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

2ª EDIÇÃO A PRECARIZAÇÃO TEM ROSTO DE MULHER

“A luta pela unidade entre efetivos e terceirizados não pode parar”

30 May 2013 | Nos meses de abril e junho ocorreram diversos lançamentos da 2ª edição do livro “A precarização tem rosto de mulher”. Para contar os objetivos e conclusões desta jornada entrevistamos Diana Assunção, diretora do Sintusp e organizadora da 2ª edição do livro e Silvana Ramos, ex-trabalhadora terceirizada da USP e “linha de frente” da greve das terceirizadas da USP em 2005.   |   comentários

Nos meses de abril e junho ocorreram diversos lançamentos da 2ª edição do livro “A precarização tem rosto de mulher”. Para contar os objetivos e conclusões desta jornada entrevistamos Diana Assunção, diretora do Sintusp e organizadora da 2ª edição do livro e Silvana Ramos, ex-trabalhadora terceirizada da USP e “linha de frente” da greve das terceirizadas da USP em (...)

JPO: Como foi esta jornada de lançamentos da 2ª edição do livro?

Diana: Foi excelente e confirmou o amplo espaço entre trabalhadores e estudantes para debater o problema da precarização do trabalho. Já em 2011, quando lançamos sua 1ª edição em mesas com diversos professores e intelectuais como Jorge Luiz Souto Maior, Virginia Fontes, Beatriz Abramides, Claudia Mazzei Nogueira, Paula Marcelino entre outros, o impacto desta publicação foi enorme. Teorizar sobre a classe operária quando esta se coloca como sujeito, reconstruir momentos de uma luta acompanhando o apaixonante processo de avanço da consciência de classe dos trabalhadores, extrair as lições a partir de erros e acertos, mostrar o tortuoso processo de combate à opressão, estes foram alguns dos objetivos da publicação desta 2ª edição do livro A precarização tem rosto de mulher.

Silvana: Com a 2ª edição, além do grande lançamento no dia internacional da mulher, com mais de 300 pessoas na Casa Socialista Karl Marx, buscamos levar estas idéias a outros espaços. Dou destaque ao lançamento no próprio Sindicato dos Trabalhadores da USP, que é retratado no livro, expressando o apoio que deu a nós trabalhadores terceirizados em nossa organização. Neste dia estivemos além de mim e Diana, também Neli Wada, diretora do Sintusp e a Prof. Paula Marcelino, do Departamento de Sociologia Política da USP. Durante o debate, Paula Marcelino afirmou que se trata de um livro pioneiro no país, por retratar a luta dos trabalhadores precários.
JPO: Além destes lançamentos, houve outros tipos de atividades?

Diana: Sim, lançamos o livro também na Universidade Estadual de Maringá e na Universidade Federal de Minas Gerais como parte de levar este debate a estados onde ainda não havíamos compartilhado esta discussão, e estive junto do companheiro Claudionor Brandão na ocupação dos estudantes da Unesp de Marília, em greve e ocupação há um mês, para debater junto com os estudantes em meio a sua própria luta. Também organizamos reuniões menores, com trabalhadores de fábricas, que mostra a atualidade do tema pra além das universidades. Junto a operários de locais estratégicos do país, via-se a urgência da discussão de um programa que responda ao problema da precarização, não apenas falando sobre o “fim da terceirização”, como fazem setores que se reivindicam de esquerda e até mesmo as burocracias sindicais, mas defendendo a efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso público.

Silvana: Eu gostei muito de ter participado de rodas de discussão com trabalhadoras terceirizadas. Na última semana estive junto aos companheiros da agrupação “Uma Classe” com trabalhadoras terceirizadas da Caixa Econômica Federal mostrando os vídeos de nossa greve na USP e discutindo com a nossa linguagem como terminar com a “lei da terceirização”, como uma delas dizia. Uma lei que não está escrita, mas impõe medo e divisão sobre os terceirizados. O nosso livro ajuda a demonstrar que é possível lutar e ajuda particularmente a nós mulheres entendermos que esse monte de coisas que temos que fazer quando chegamos em casa se chama “dupla jornada” e é uma forma de nos manter oprimidas e exploradas. Podemos nos rebelar.

JPO: Como o livro pode servir daqui pra frente?

Silvana: Olha, o livro continua sendo uma ferramenta muito boa para organizar as mulheres trabalhadoras, e também os homens! Acredito que daqui pra frente devemos ampliar as reuniões por local de trabalho para debater as lições do livro, organizar reuniões do grupo de mulheres Pão e Rosas também com este tema e avançar para gerar debates sobre a precarização em todos os locais que pudermos alcançar falando também sobre outras lutas operárias.

Diana: O importante é ressaltar que nós das Edições ISKRA e da LER-QI consideramos que toda essa experiência é parte também de forjar-se como ala revolucionária nos locais onde atuamos, sejam nas lutas, nos sindicatos ou no movimento estudantil, construindo um novo sindicalismo combativo, classista e, sobretudo, revolucionário, que busque atrair em torno de si estudantes e intelectuais que se colocam ao lado da classe trabalhadora, e construindo assim uma poderosa aliança de classe. Não se trata de mais uma “campanha”. A luta pela unidade dos efetivos e terceirizados não pode parar.

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