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Juventude

UNICAMP

A luta da ocupação na moradia deve ser a luta contra o projeto de universidade elitista e repressor!

20 Mar 2011   |   comentários

Na UNICAMP, um fato alarmante chamou a atenção no último dia 3/3: a PM invadiu a moradia com dezenas de policiais com escopetas e bombas, cumpriu seu mandado de reintegração de posse reprimindo estudantes ocupados em uma casa da moradia – que estavam em protesto contra a política truculenta da reitoria contra moradores “não oficiais”. Os estudantes reagiram rapidamente e ocuparam no mesmo dia a administração da moradia estudantil; não tardou e em pouco tempo uma nova reintegração de posse foi expedida.

No âmbito jurídico, pelo parecer do juiz Mauro Iuji Fukumoto, através da liminar 287/11, a ocupação foi considerada legítima e a reintegração de posse indeferida (uma vitória tática da ocupação). Todavia, outra liminar foi expedida e reafirmou a possibilidade da reintegração. São expressões jurídicas de um processo político embrionário – a ocupação – mas que expressam uma insatisfação insustentável contra a truculência e os ataques que as reitorias vêm aplicando sistematicamente contra o movimento estudantil e trabalhadores.

Nesse sentido, pautados por uma resposta à repressão policial, pela necessidade patente e emergencial de mais vagas na moradia e pelo questionamento das estruturas de poder vigentes (que tem no administrador Antônio Viotto sua expressão repressiva e antidemocrática), os estudantes mantém a ocupação - embora ainda limitada a um setor de vanguarda de estudantes.

Inclusive um setor de trabalhadores tem participado de atividades na moradia discutindo a repressão mais geral da reitoria, uma vez que dez trabalhadores que fizeram greve (em meados do ano passado) estão sendo fortemente reprimidos, com processos judiciais (respondendo criminalmente!!) por terem se organizado e atuado politicamente. O Conselho de Reitores das Estaduais Paulistas (CRUESP) vem tendo uma política de repressão que vem saltando de qualidade no último período, profundamente concatenado com o governo do Estado e que tem se utilizado da polícia como um instrumento recorrente de ataque ao movimento estudantil e trabalhadores.

Evidentemente, pela conjuntura em que se dá a ocupação, que reflete por um lado uma situação bastante intensa de passividade no movimento estudantil, e por outro lado uma conjuntura nacional em que se impera o discurso de que as condições sociais do Brasil são excelentes, rumando ao “Brasil potencia”.

Percebemos diversas limitações nesse movimento, que expressam elementos de burocratismo e corporativismo típicos do retrocesso subjetivo importante do último período no movimento estudantil e que tem resistência em concatenar essas ações da reitoria na perspectiva de um combate estadual do movimento estudantil combativo.

Em vista disso, para nós é fundamental que os CAs, e em primeiro lugar o DCE, tomem a frente dessa luta, extrapolando os muros da Moradia e da ocupação, discutindo com cada estudante na Unicamp e construindo um grande movimento pela expansão da moradia estudantil, pela transformação radical da estrutura de poder da Universidade e contra a repressão a todos estudantes e funcionários. Somente abrindo uma ampla discussão sobre o projeto de universidade que está colocado, e organizando democraticamente os estudantes, é que poderemos construir uma grande luta. Infelizmente, a apatia do DCE da Unicamp (dirigido a mais de 10 anos pelo PSOL e que pra nada põe seu peso a serviço dessa luta), e o sectarismo corporativista do PCB e PCO - que influenciam um setor de estudantes na lógica de restringir essa luta aos muros da moradia e limitada a um pequeno setor - são obstáculos para o avançar da mobilização.

Só uma forte mobilização estadual, que coloque em xeque o projeto de universidade privatista que vem sendo implantado, pode ser uma resposta a altura dos ataques colocados: os sindicatos, entidades estudantis, intelectuais, organizações e os mais diversos setores democráticos devem se solidarizar a luta dos estudantes da moradia da UNICAMP e encampar, desde já, uma forte campanha democrática contra a repressão, por políticas de permanência e contra os ostensivos ataques colocados por parte das reitorias, questionando elitismo e propondo um projeto de universidade ligado aos anseios dos trabalhadores e do povo pobre.

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