Quarta 24 de Abril de 2024

Nacional

A hipocrisia de Dilma Rousseff

01 Mar 2015   |   comentários

Nós trabalhadores, por experiência própria, estamos acostumados a hipocrisia e "cara de pau" da classe dominante, dos patrões e dos governos que servem a seus interesses. Na última semana, a presidente Dilma deu mais um exemplo dessa característica tão marcada entre os capitalistas, ao afirmar em evento de entrega de casas do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ que fazia “ajustes” (na verdade cortes nos gastos sociais, ataques aos direitos trabalhistas e (...)

Nós trabalhadores, por experiência própria, estamos acostumados a hipocrisia e "cara de pau" da classe dominante, dos patrões e dos governos que servem a seus interesses. Na última semana a presidente Dilma deu mais um exemplo dessa característica tão marcada entre os capitalistas, ao afirmar em evento de entrega de casas do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ que fazia “ajustes” (na verdade cortes nos gastos sociais, ataques aos direitos trabalhistas e aumento de impostos para os trabalhadores e a pequena-burguesia) como uma dona de casa ou uma mãe no orçamento doméstico.

Segundo a presidente os tais ajustes são necessários para “botar a casa em ordem”, “fazer a a lição de casa” e toda essa ladainha que já conhecemos bem, e assim garantir um novo ciclo de crescimento como recompensa por termos “apertado os cintos” na hora certa.

É dessa forma que a presidente tenta nos fazer crer que os cortes nos gastos sociais, os ataques aos direitos trabalhistas e o aumento nos impostos que promove seu governo nesse início de segundo mandato são feitos em nosso interesse, como a boa mãe conservadora que aplica um castigo ao filho como forma de educá-lo. Isso tudo contrariando todas as suas promessas eleitorais, quando dizia que não ia atacar direitos trabalhistas, não haveria tarifaços e os programas sociais seriam mantidos e ampliados.

É nessa postura, aparentemente maternal, que tenta se apoiar Dilma para mascarar seus ataques e iludir o conjunto da população, para combater a queda de sua popularidade, que pode cair ainda mais dado o fato de que esses “ajustes” tendem a atacar mais fortemente a já deteriorada condição de vida dos trabalhadores e dos oprimidos.

Dilma e PT tentam apresentar os ataques como necessidade, dada a crise econômica

Para garantir sua reeleição Dilma e PT apelaram para um discurso aparentemente esquerdista e progressista, no qual era necessário defender as conquistas do governo contra as ameaças de retrocesso representada pelos tucanos; esse discurso alimentou ilusões em amplos setores da juventude e dos trabalhadores, como vimos numa das campanhas eleitorais mais polarizadas dos últimos anos.

Essas ilusões, no entanto, rapidamente foram perdidas, desabaram como castelo de cartas logo com as primeiras medidas do segundo mandato da petista. Sendo mais realista que o rei, mesmo antes da posse Dilma nomeou pra o Ministério da Fazenda Joaquim Levy, sinalizando as medidas de austeridade que viriam, os ataques aos direitos trabalhistas, os cortes nos gastos sociais, os aumentos nos impostos. Mas todas essas são questões muito conhecidas pelo público.

O movimento que tenta fazer agora a petista para dialogar com toda essa ampla base que votou nela ano passado e que rapidamente se desiludiu (a abrupta queda na popularidade da presidente é a mostra mais cabal disso) é mostrar que ela não está traindo suas promessas de campanha, como é largamente percebido pela população, mas que está sendo forçada a tais medidas por condições que são independentes dela e de seu governo, e que se as medidas certas são tomadas, a “lição de casa é feita”, como hipocritamente eles costumam dizer, o rumo do crescimento será retomado num futuro próximo.

Esse movimento da petista deve ser analisado de perto pelos setores da esquerda que frente a capitulação do Syriza à Troica dizem que não existe tal capitulação, mas que ela é fruto de condições objetivas que independem do governo grego. Claro que as proporções, a agudeza mesmo da crise e da polarização social e luta de classes, são muito distintas na Grécia e no Brasil, mas a similitude entre os discursos mostra onde leva uma política que se contenta com o aparentemente possível (na verdade a miséria do possível) e que ao invés de confiar na força da mobilização dos trabalhadores e oprimidos se contenta em administrar melhor o estado burguês.

Nós trabalhadores devemos dar uma resposta independente: que a crise paguem os patrões!!!

Frente ao discurso hipócrita e mentiroso de Dilma e do PT nós trabalhadores devemos propor uma alternativa nossa, independente, à crise. Nada de cintos apertados esperando melhoras num futuro que nunca chega, nada de botar em ordem a casa dos patrões as custas de nossos salários, empregos e direitos. Foram eles os causadores, que paguem eles, os patrões, pela crise.

Nada mais falso do que o discurso pregado pelos pretensos realistas de que a única alternativa é se submeter aos ditames dos “mercados”. Nós trabalhadores, aliados aos setores oprimidos, podemos construir uma alternativa. Nós que produzimos toda riqueza podemos e devemos propor formas alternativas de a gerir e distribuir.

As lutas que começam a acontecer já nesse começo de ano (greve na Volks, dos professores paranaenses, agora na GM de São José dos Campos) mostram o caminho que devemos seguir para enfrentar os ataques do governo e da patronal.

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