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Nacional

A grande debilidade do governador eleito no Rio de Janeiro

27 Oct 2014   |   comentários

Dilma vence dependendo mais fortemente de sua expressiva votação em cidades e bairros operários e populares. No governo do estado, Pezão (PMDB), herdeiro de Cabral, é reeleito tendo menos votos que as abstenções, votos nulos e brancos. A debilidade de sua vitória é uma clara marca da debilidade do regime no estado que foi palco das maiores manifestações de (...)

Dilma vence dependendo mais fortemente de sua expressiva votação em cidades e bairros operários e populares. No governo do estado, Pezão (PMDB), herdeiro de Cabral, é reeleito tendo menos votos que as abstenções, votos nulos e brancos. A debilidade de sua vitória é uma clara marca da debilidade do regime no estado que foi palco das maiores manifestações de junho.

Apuradas 100% das urnas no Rio o resultado obtido pela presidente Dilma foi de grande importância para sua vitória nacional. Sua vantagem no estado foi de cerca de 800 mil votos, alcançando 54,94% dos votos válidos contra 45,06% de Aécio, uma diminuição importante dos 60% obtidos por Dilma em 2010. Mesmo assim esta vitória expressa uma força eleitoral importante mesmo que diminuída nos bairros de classe média e uma importante manutenção da votação obtida em 2010 nos bairros operários da capital fluminense e nas cidades operárias da baixada fluminense. Aécio conseguiu crescer em todo o Estado mas sobretudo nos bairros de classe média e da elite, conseguindo assim superar os 40% de Serra em 2010.

O outro resultado marcante da eleição neste estado que foi palco das mais massivas e duradouras manifestações em junho do ano passado, foi o marcante crescimento da abstenção eleitoral. Crescendo de 20,11% a 22,36% do eleitorado. Os votos nulos e brancos para presidente caíram como na maior parte do país, porém o cenário para governador foi o oposto. A manutenção da elevada taxa de votos brancos e nulos (cerca de 17%) somados a esta imensa abstenção fez a soma de cariocas e fluminenses que não votaram ou votaram nulo ser superior à votação obtida pelo governador reeleito Pezão.

Força eleitoral de Dilma nos bairros e cidades operárias

A candidata do PT, apesar da debilidade de seu partido no estado e da divisão de seu aliado PMDB no estado entre o apoio a ela e a Aécio, conseguiu repetir a votação obtida em 2010 nos principais bairros e cidades operárias e populares. Na emblemática zona eleitoral que inclui o bairro burguês de São Conrado e a maior favela do país, a Rocinha, Dilma obteve 54%. Nos bairros com grande predomínio de população operária como Bangu e Jardim América, por exemplo, onde obteve 64% e 60% respectivamente. Nas importantes cidades operárias e populares de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e São Gonçalo ela obteve respectivamente 64%, 69%, 68%.

Estes resultados mostram como sua vitória, encolhida em relação a 2010 esteve mais dependente desta votação operária e popular. Por outro lado, mesmo tendo encolhido sua votação em bairros de classe média em relação a 2010, conseguiu captar parte do voto “progressista carioca” foi chave para não tornar este resultado mais apertado. Foi fundamental para conseguir atrair parte do “progressismo carioca” a ativa e acrítica militância em atos, vídeos e textos, por parte dos midiáticos parlamentares do PSOL, Marcelo Freixo e Jean Wyllys em apoio a Dilma.

Pezão, um governador com menos votos que os nulos e abstenções

O governador Pezão foi reeleito com 4,3 milhões de votos. Porém, a soma de abstenções (2,7 milhões) e votos brancos e nulos (1,6 milhão), superam ligeiramente sua votação. Este resultado expressa como o governador eleito continuará no Palácio Guanabara mas não contará com a legitimidade de ser um governo que sequer tenha alcançado a maioria dos eleitores.

Este resultado é ainda mais expressivo se considerarmos que 88 prefeitos dos 92 munícipios do Rio apoiavam a sua reeleição. Mesmo com tamanha máquina administrativa, política e financeira a lhe apoiar não alcançou esta maioria. Se do ponto de vista dos palácios e do parlamento Pezão não deve encontrar grande dificuldade para governar esta baixa votação indica a debilidade que enfrentará frente a possível continuidade das manifestações que marcaram o Rio em 2013 e as greves que marcaram este ano. Uma reeleição que marca como nenhum outro resultado no país um claro impacto de “junho” e aponta para instabilidades políticas e possibilidade para que emerja uma esquerda classista e revolucionária em meio a tamanha falta de legitimidade do regime.

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