Sexta 19 de Abril de 2024

Nacional

A crise que se vizinha e a necessidade de uma resposta dos trabalhadores

10 Aug 2014   |   comentários

O cenário econômico do Brasil mostrado nos últimos dias pela imprensa econômica capitalista tem sido cada vez mais negativo. É hora de prepararmos uma resposta dos trabalhadores para que sejam os capitalistas a pagar por sua crise.

O cenário econômico do Brasil mostrado nos últimos dias pela imprensa econômica capitalista tem sido cada vez mais negativo. As previsões para o crescimento da economia brasileira vem sendo rebaixados dia após dia (inclusive o governo petista tem abandonado seu discurso ufanista e admitido um menor crescimento do PIB esse ano) e os economistas burgueses tem discutido inclusive se a economia brasileira já não estaria numa “recessão técnica”.

As recentes notícias sobre a economia Argentina, o litígio entre essa e os fundos abutres, e a incapacidade de o governo argentino resolver essa situação, que pode levar a um “default “ , só fazem agravar as contradições da economia brasileira e aumentar a possibilidade de uma recessão também por aqui.

Em ano eleitoral esse fator ganha contornos de aparente polarização política entre os principais candidatos presidenciais da burguesia, sobre quem seriam os responsáveis por esse cenário (a má administração petista ou a herança maldita legada pelo PSDB) e quem poderia melhor afastar a crise (ou administrá-la, para os mais realistas). O que devemos ter claro, nós trabalhadores, é que independente do candidato burguês eleito o que se prepara são uma série de ataques as nossas condições de vida, aos salários, ao emprego, pois a única maneira de os capitalistas resolverem a crise criada por eles mesmos é descarregando seus efeitos sobre nossas costas.

A aparente polarização do debate entre PT e PSDB, diferentes instrumentos dos patrões para passar seus ataques sobre os trabalhadores.

Acompanhando a imprensa burguesa, seus meios de comunicação mais importantes, vemos um debate aparentemente polarizado entre seus principais candidatos, cada um deles buscando se mostrar o mais “preparado” para lidar com a crise que se avizinha sobre a economia do país.

Aécio Neves do PSDB tenta colocar toda a responsabilidade nas costas do governo petista, o intervencionismo estatal promovido por ele, sua má administração dos recursos públicos, o viés “ideológico” da escolha dos parceiros comerciais do Brasil, etc; Dilma, por sua vez, defende seu governo e busca mostrar como durante o governo de FHC, também do PSDB, as coisas não eram diferentes, também a economia brasileira passou por crises, como a “agenda” neoliberal tucana desregulou a economia brasileira, como tínhamos uma relação mais dependente com o capital financeiro internacional, como sem os petistas, em suma, as coisas estariam piores. Eduardo Campos, do PSB, não expressa um discurso próprio, mas tenta apenas se colocar como um meio termo contra a polarização entre PT e PSDB, como uma terceira via que rompa com o “bipartidarismo”; tem, portanto, apenas um discurso genérico, buscando se apoiar nas contradições dos outros dois candidatos.

A diferença entre os discursos de tucanos e petistas é tão pequena que ambos apelam para elementos superficiais em seus ataques ao adversário eleitoral, o pessimismo da oposição, que seria o freio para o desenvolvimento econômico no discurso petista, a falta de uma “agenda” que propicie os negócios, usam como arma os tucanos.

Por trás da aparente diferença entre o discurso dos presidenciáveis o que os trabalhadores e os oprimidos devem ter clareza é que todos tomarão medidas que visem descarregar os efeitos das crises sobre nossas costas, protegendo assim os lucros capitalistas, que independente das nuances que possam existir entre um governo petista e um tucano ambos estão a mando e soldo dos patrões e defendem seus interesses.

Independente de seu discurso contra o intervencionismo estatal alguém duvida que os tucanos utilizariam recursos públicos para salvar grandes empresas capitalistas em dificuldade, por exemplo? O PT faz um discurso mais à “esquerda”, mais pintado de vermelho (mesmo que muito desbotado), mas foi em seu governo que mais avançou a terceirização.

Assim, nenhum governo dos capitalistas é mais interessante para os trabalhadores e para o povo pobre, nem mesmo um “mal menor”, mas qualquer um que seja eleito será apenas um instrumento que utilizará a burguesia para poder melhor desferir seus ataques sobre o conjunto de nossa classe. A farsa da democracia dos ricos dá aparente legitimidade para aquele que for eleito desferir esses ataques, pois seu governo é fruto da “vontade popular”, ignorando o quão antidemocráticas são essas eleições, onde apenas candidatos vinculados a partidos da burguesia podem efetivamente entrar na disputa.

Uma saída operária para a crise que se avizinha

Devemos, portanto, nós trabalhadores, formular um plano próprio para combater os efeitos da crise, plano que deve ser independente dos patrões e dos políticos burgueses e que deve buscar responder as questões dos outros setores oprimidos da sociedade. Os capitalistas e os intelectuais, os partidos, a imprensa, ligados a seus interesses dirão que esse plano é utópico, irrealizável (esse discurso será utilizado mesmo por setores de esquerda), mas ignoremos aqueles que só conseguem pensar a partir do ponto de vista dos exploradores.

Contra o aumento constante do custo de vida que já vem se expressando e só tende a aumentar (inflação) formulemos o programa de escala móvel dos salários, os salários devem aumentar no mesmo nível em que aumentam as mercadorias, e contra os salários de fome que recebemos o programa de salário mínimo do dieese (hoje em mais de R$3.000,00).

Contra o desemprego o programa de escala móvel das horas de trabalho, que as horas de trabalho sejam divididas entre os trabalhadores, para que ninguém fique sem trabalho; no setor industrial já se expressa a tendência que deve impactar o conjunto da economia, com o fechamento contínuo de postos de trabalho, lay-offs, pdvs, etc.

Se em outros setores da economia as taxas de emprego ainda se mantém relativamente estáveis é para um cenário mais agudo de desemprego que devem se preparar os trabalhadores, pois a tendência é que os capitalistas tenham que atacar os níveis de emprego como conseqüência da desaceleração da economia e de uma cada vez mais possível recessão. Contra as demissões em massa que possam levar a frente os capitalistas levantaremos o programa de controle operário sobre as fábricas que demitam em massa.

Os capitalistas e os meios de comunicação ligados a seus interesses dirão que essas medidas são impossíveis, impedem o crescimento econômico, etc, contra isso exigiremos a abertura dos livros de contabilidade das empresas, fim do segredo comercial, para que possamos nós trabalhadores decidir o que é mais vantajoso para o desenvolvimento da economia, para que possamos mostrar o quão falso e interessado é o discurso burguês e de seus falsos sábios.

Contra a estagnação da economia exigiremos um plano de obras públicas sobre controle dos trabalhadores e da população pobre através de seus sindicatos e organizações de massas.

Devemos aproveitar o momento de politização por conta das eleições para mostrar como uma resposta efetiva para crise, que busque superá-la a partir do ponto de vista de nossa classe, não irá sair da ação de nenhum dos candidatos e partidos dos capitalistas, são os trabalhadores mobilizados, nas ruas e nas lutas, que podem mostrar uma saída de fundo para os problemas do país.

A palavra de ordem para o próximo período é: nenhuma confiança nos candidatos da burguesia, na democracia dos ricos, em sua farsa eleitoral, apenas nós, os trabalhadores organizados como classe, podemos dar uma respostas à crise que se avizinha e para que ela seja paga por seus causadores, os capitalistas.

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