Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

USP

A REItoria da USP e o governo do Estado avançam sem precedentes sobre os lutadores

29 Apr 2012   |   comentários

Desde que empossado pelo ex-governador Serra, o Reitor João Grandino Rodas vem avançando com o projeto privatista de educação como nunca antes haviam conseguido fazer os tucanos em mais de duas décadas no governo de SP, por conta das várias batalhas de resistência que os trabalhadores da USP e seu sindicato SINTUSP fizeram ao lado do movimento estudantil combativo e dos professores que ainda defendem uma universidade realmente pública e gratuita e a serviço da maioria da população.

Rodas, o segundo da lista tríplice, foi especialmente indicado por sustentar um vasto currículo, gabaritado, entre outras coisas, pela experiência em gerenciamento e fusão empresarial no CADE, órgão do Estado que decide sobre as fusões dos grandes monopólios empresariais; “experiência” da qual vem se servindo para impor a proliferação de cursos pagos ministrados por esses mesmos grupos capitalistas.

Porém Rodas também galgou seu posto de REItor por sua reacionária orientação ideológica, tendo sido capaz de inocentar o governo militar pela morte de Zuzu Angel, mãe do ativista também assassinado Stuart Angel, e Edson Luiz, estudante morto em passeata contra a Ditadura no RJ.

Desde a posse Rodas é o Reitor da repressão

Rodas “cumprimentou” estudantes e trabalhadores que protestavam em 25 de janeiro de 2010, durante a pomposa cerimônia de posse realizada na Sala São Paulo, com bombas, tiros, presos e feridos. Nada de novo, uma vez que um ano antes, quando era diretor da Faculdade de Direito, mandou prender centenas de estudantes e militantes dos movimentos sociais que participavam da “Jornada de luta em defesa da educação pública”.

Depois disso, já como Reitor, Rodas se utilizou da morte de um estudante da FEA em um assalto para empurrar goela abaixo da comunidade uspiana, sem nem aprovar no Conselho Universitário (CO), a militarização do campus. Todas as sucessivas ações de resistência do movimento estudantil que vieram após a presença ostensiva da PM no campus resultaram na ocupação da reitoria e na brutal desocupação com a prisão de 73 lutadores, o que foi respondido com uma greve de milhares de estudantes. Esse ano, em pleno domingo de carnaval, Rodas aproveitou-se do esvaziamento da universidade para novamente sitiar o Crusp com centenas de policiais, e prendeu 12 estudantes que estavam aquela noite na moradia retomada.

É que o modelo de universidade que o governo do Estado pretende implantar até o final não pode ser efetivado sem o uso sistemático da repressão policial e da perseguição política. Prova cabal disso é a recente nomeação de três coronéis da reserva para preencherem a direção da também recém-criada “Superintendência de Segurança” (SS), em evidente quebra da autonomia universitária frente ao Estado e suas instituições repressoras. Junto a isso a reitoria Rodas avança com um turbilhão de processos contra toda a diretoria do Sintusp, inclusive com processos para demitir diretores por “justa causa” por conta de manifestações políticas, e esta semana já iniciou a intimação de mais de 50 estudantes que participaram da ocupação da reitoria, com o claro objetivo de processá-los e expulsá-los, como fez nas férias do ano passado com oito alunos.
Na administração Rodas a demissão inconstitucional do dirigente sindical Claudionor Brandão, ocorrida em dezembro de 2008 ainda na gestão de Suely Vilela, tem ganhado destaque pelo julgamento negativo em primeira instância com óbvias demonstrações da influência política e jurídica da administração do ex-desembargador Rodas, apesar daquilo que a defesa do companheiro Brandão consideram como “evidentes nulidades jurídicas” que compõem todo o processo.

A Militarização da USP e o atentado à sede do Sintusp

Logo em janeiro deste ano, vimos uma nova cena surreal de um policial espancando e humilhando um estudante negro que resistia à tentativa (depois concretizada) da Reitoria de fechar o espaço estudantil do DCE, mais uma medida autoritária de impedir a livre organização dos estudantes. A imagem de mais essa ação racista da PM percorreu os meios de comunicação e obrigou o governador Alckimin a anunciar o “afastamento” dos policiais envolvidos.
Contudo, logo após essa ação, a sede do Sintusp foi vítima de um criminoso atentado que quase mandou o prédio da entidade pelos ares. A sabotagem das fechaduras da entidade, sem arrombamento, e a abertura de todas as bocas do fogão industrial, são indícios fortíssimos de que este trabalho foi executado por profissionais acostumados a essa prática e, portanto, responsabilizamos desde então a Reitoria da Universidade por qualquer ameaça à integridade física de todos os funcionários do sindicato, da USP, estudantes e diretores que frequentam nossa sede, pois diante da sanha repressiva ficou claro que a atual escalada pode chegar a níveis impensáveis.

Impulsionar uma campanha estadual contra a repressão aos lutadores das universidades estaduais paulistas e todos os lutadores sociais do país

Qualquer semelhança com a repressão desferida aos estudantes e funcionários da Unicamp e UNESP não são meras coincidências. Faz parte do mesmo projeto de atrelar ainda mais as universidades estaduais paulistas ao “mercado” pautado pelos grandes nichos tecnológicos e financeiros, a repressão àqueles que lutam e resistem à implantação desse modelo.

Assim como foi a repressão desferida contra os moradores do Pinheirinho, em outra ação cinematográfica de guerra desferida pela mesma PM paulista, que resultou inclusive em mortes, estupros e ferimentos físicos e morais irreversíveis contra a comunidade pobre e trabalhadora da região periférica de São José dos Campos. A criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, estudantil e de trabalhadores é a prática comum que não só o governo tucano, mas também o governo de Dilma/PT. Repetem-se as mesmas cenas de repressão com bombas e tiros de borracha e de armas de fogo, prisões e demissões seja no Pinheirinho, em Jirau, Belo Monte, USP, Ambev e Johnsons a todos aqueles que lutam por outro projeto de educação, mas também das condições de trabalho, de saúde, de moradia e de vida.

Nesse sentido, é fundamental impulsionarmos comitês locais de luta contra a repressão.

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