Cineclube e Teleconferência com o grupo Clase contra Clase do Chile
A Batalha do Chile: Poder Popular
10 Oct 2006
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Por: Diana Assunção
Cerca de 60 pessoas estiveram na Casa Socialista de Cultura e Política do Rio Pequeno, dia 13 de outubro, para assistir ao filme “O Poder Popular” (3ª parte de “A Batalha do Chile” , Patrício Guzmán) e participar da Teleconferência com os camaradas Juan e Aldana do Clase Contra Clase, organização chilena que também integra a Fração Trotskista ’ Quarta Internacional.
A trilogia retrata o processo revolucionário no Chile, na década de 1970, no qual a consciência dos trabalhadores transbordava os limites da democracia burguesa. Esses trabalhadores elegeram Salvador Allende, o candidato do Partido Socialista na expectativa de ter suas reivindicações atendidas, e de fato conquistaram algumas delas, como a nacionalização de setores da economia, o aumento de salários e a melhoria do sistema de saúde e educação.
Porém, era preciso ir além dessas concessões, e os trabalhadores e o povo se organizaram para tomar em suas mãos o controle da produção e da distribuição, aprofundando a luta contra a burguesia e o imperialismo e avançando para a criação de um verdadeiro poder popular.
A burguesia, em resposta à ofensiva da classe operária organizou um grande lock-out (greve patronal) para paralisar o país e gerar uma situação caótica, ao mesmo tempo que pressionava o governo Allende. Para lutar contra seus inimigos de classe, os trabalhadores e o povo precisavam se armar, e nesse momento chave Allende deixa claro que a “via chilena para o socialismo” da qual falava não levava à libertação da classe trabalhadora, retrocedendo nas conquistas trabalhistas e se aliando com setores da burguesia, o que abriu o caminho para o golpe de Estado.
Na teleconferência, os camaradas do Chile deram ênfase para a formação dos Cordões Industriais, que foram a principal forma de auto-organização dos trabalhadores. Eram organismos de poder operário com democracia direta e expressavam o que havia de mais avançado na consciência dos trabalhadores. Porém, era necessário um partido verdadeiramente revolucionário que dirigisse esse processo.
Denunciaram o caráter anti-operário do golpe de Estado que se expressa no fato de que 75% das dezenas de milhares de mortos e desaparecidos na ditadura de Pinochet eram trabalhadores, dos quais a maioria estava ligada a organizações de trabalhadores e sindicatos. Esse caráter se expressa também na privatizaçao da saúde e da educação, no retrocesso de conquistas trabalhistas, no ataque às organizações sindicais, na precarização e flexibilização do trabalho.
A Liga Estratégia Revolucionária impulsiona esse tipo de debate por considerar que esse processo é um exemplo para os trabalhadores de hoje enxergarem a força da unidade operária e da auto-organização. Também é um exemplo para a vanguarda de esquerda entender qual papel deve cumprir num processo revolucionário. Que só um partido revolucionário pode atuar desde organismos operários, como os Cordões, até a tomada do poder pelos trabalhadores, para triunfar na emancipação da humanidade rumo ao socialismo.
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