Sexta 29 de Março de 2024

Movimento Operário

NACIONAL

1º Congresso da CSP-Conlutas

02 Apr 2012   |   comentários

Em que cenário ocorre o 1º. Congresso da CSP-Conlutas e como encaramos as tarefas da vanguarda operária brasileira.

O Congresso da CSP-Conlutas ocorre em meio a uma situação politica nacional ainda marcada pela relativa estabilidade econômica no plano nacional, mas ao mesmo tempo por lutas importantíssimas dos trabalhadores no cenário internacional como a greve geral em Portugal, Estado Espanhol e Grécia que surgem como respostas dos trabalhadores aos efeitos da crise capitalista. Consideramos que este cenário coloca para a vanguarda operária a necessidade de colocar no centro de sua orientação um programa e um plano de lutas capazes de dar uma saída progressiva às mazelas e ao aumento da miséria que os capitalistas querem nos impor descarregando sobre as costas dos trabalhadores os efeitos da crise criada por sua sede de lucros. Lamentavelmente, ao contrário de orientar a preparação o 1º. Congresso da CSP`-Conlutas neste sentido, construindo-o a serviço da luta de classes, a direção majoritária da CSP-Conlutas, composta pelo PSTU, parece não ter tirado as necessárias lições do lamentável processo de ruptura do CONCLAT de 2010, repetindo o método de privilegiar os acordos super-estruturais e a disputa de aparatos com o PSOL em detrimento de priorizar a construção de um programa que oriente politicamente a vanguarda operária. Embora o tema central do Congresso seja “Fortalecer a organização de base” a direção desta entidade tente “solucionar” as diferenças politicas não através do debate democrático de posições politicas mas de uma “Tese Unificada” da Secretaria Executiva Nacional e escolha tomar medidas completamente burocráticas como a proibição de que possam se inscrever mais de uma tese por entidade filiada à CSP-Conlutas, eliminando o debate politico nos sindicatos. Em virtude dos traços burocráticos que se expressam já na preparação do Congresso, a tese que apresentamos só pode ser publicada a partir de uma luta politica desde o SINTUSP em que os companheiros que compõem conosco a diretoria nos apoiaram defendendo, contra a direção majoritária da CSP-Conlutas, o mais elementar direito democrático de que todas as minorias pudessem inscrever teses.

A partir da tese “Na Grécia, Estado Espanhol, Egito e Brasil: os trabalhadores não tem pátria, somos uma classe em uma só luta!!”, defendidas pel@s companheir@s da minoria da Diretoria do SINTUSP e por companheir@s da LER-QI de outras categorias, apresentamos nossas propostas ao 1º. Congresso que vão no sentido de esponder às necessidades impostas pela situação politica internacional e nacional cortadas pela mais importante crise do capitalismo desde 1929. Demarcar este sentido, de forma alguma significa transportar de forma mecânica para nossa realidade nacional os ritmos da luta de classes internacional, mas para pensar de forma indissociável nossas tarefas a partir dos processos mais agudos da luta de classes que vemos na Europa, Oriente Médio e América Latina, e preparando as ferramentas para que os trabalhadores lutem conscientemente para assumir em suas próprias mãos os destinos de sua história, derrotando o capitalismo com o objetivo de construir uma nova sociedade sem explorados e exploradores. Para nós, isso significa recuperar as melhores tradições da classe operária internacional, o internacionalismo proletário que a ofensiva neoliberal, os ideólogos do capital querem apagar de nossa memória histórica, ou seja, significa assumir profundamente as demandas dos explorados e oprimidos de todos os países a partir da compreensão de que o desenvolvimento internacional do capitalismo determina que a classe operária não tem pátria, como a única forma de poder enfrentar a crise capitalista e fazer com que os patrões paguem por sua crise. Apresentamos propostas concretas para por na ofensiva um internacionalismo vivo através de campanhas ativas de apoio às lutas dos trabalhadores do Estado Espanhol, Portugal, Grécia e Egito e nos colocar ao lado da juventude chilena luta contra a educação privada e o regime pinochetista e para nos apropriar de experiências avançadas da luta de classes como a dos operários de Zanon, que frente à ameaça de fechamento da fábrica e as demissões em massa que os patrões quiseram impor para salvar seus lucros, ocuparam a fábrica colocando-a sob controle operário e unificando em uma só luta trabalhadores efetivos, terceirizados e desempregados, e expressando sua luta no patamar politico através das candidaturas operárias da Frente de Esquerda dos Trabalhadores (FIT), independentes da burguesia e do governo a serviço de denunciar o regime burguês e de fortalecer a luta de classes, o que culminou na eleição de Raul Godoy (operário de Zanon e dirigente do PTS) e Alejandro Lopez (operário de Zanon) como deputados.

No Brasil, os limites da relativa estabilidade econômica, sustentada na exportação de commodities, na dependência dos investimentos do capital estrangeiro e do endividamento estrutural da das famílias pelo crédito, serão abalados profundamente pela crise internacional ao passo que acumulam-se contradições explosivas pela super-exploração dos trabalhadores, sobretudo os negros e mulheres em um pais em que a burguesia só pode manter sua dominação através da repressão brutal às lutas dos trabalhadores e o povo pobre, militarizando os morros, favelas e de universidades como a USP e mantendo impunes os torturadores da ditadura. É por isso que defendemos um plano de lutas “(...) para coordenar as ações e as lutas para fortalecer a defesa dos interesses dos trabalhadores diante das forças burguesas, combatendo as demissões, cortes de direitos, rebaixamentos ou congelamentos salariais, acumulando forças para impor medidas como a ocupação de fábricas e empresas que ameacem fechar ou demitir em massa, colocando-as para produzir sob controle operário, única forma de garantir os postos de trabalho, os salários e os direitos unindo as fileiras operária, os trabalhadores efetivos aos contratados, temporários e terceirizados como uma só classe em uma só luta”. Reivindicamos o classismo e a auto-organização operárias como parte de nossa estratégia para a destruição do Estado capitalista e seus aparatos repressivos, diferentemente da politica defendida pela direção majoritária da CSP-Conlutas e pelo PSTU que associam à fórmula geral de “fortalecer a organização de base” ao apoio às greves da PM, tratando assassinos que reprimem as lutas operárias e populares como no Pinheirinho, como trabalhadores e, por esta via esvaziando-a de qualquer conteúdo e objetivos políticos da nossa classe.

Sindicatos e partidos que defendam a democracia operária, o classismo e a independência de classe.

Parte da preparação que nos referimos passa por mudar radicalmente a forma de encarar o papel dos sindicatos que devem ser entendidos como ferramentas dos trabalhadores para a luta de classes elevando cada luta parcial ao patamar politico e preparando nossa classe contra a burguesia. O primeiro passo para isso é fortalecer o classismo e a independecia de classe em relação à burguesia, aos partidos burgueses e aos governos e é por isso também que consideramos fundamental a luta para varrer a burocracia sindical, que age no movimento operário como uma correia de transmissão dos interesses da burguesia nacional e imperialista, e retomar os sindicatos como ferramentas da luta de classes e combatemos os privilégios materiais dos dirigentes sindicais, que são a base fundamental da burocratização, defendendo a rotatividade dos dirigentes sindicais liberados, o fim do Imposto Sindical, a mais ampla organização por local de trabalho com a eleição de delegados com mandatos e revogáveis e proporcionalidade nas diretorias dos sindicatos para que se expressem livremente as diferentes tendências politicas e, assim “fortalecer a organização por local de trabalho” e não com medidas burocráticas que imponham o monolitismo politico nas entidades, como infelizmente vem sendo organizado o 1º. Congresso.

Em meio às eleições municipais de 2012 é parte fundamental de nossas tarefas desmascarar a demagogia que se esconde sobre o véu das eleições burguesas e, por isso, as organizações sindicais combativas e independentes não podem virar as costas às ilusões das massas nas eleições burguesas ao mesmo tempo em que lançam candidaturas que sequer terão como base o programa aprovado por esta vanguarda que se reunirá no 1º. Congresso. Precisamos de candidaturas operárias, socialistas e independentes dos patrões e partidos burgueses e/ou governistas, ao contrário da politica eleitoral do PSOL, que tenta alianças com partidos burgueses como o PV, PDT, PSB . Estas candidaturas devem servir para denunciar a podridão da democracia dos ricos, fortalecendo a vanguarda para que confie em suas próprias forças no sentido de construir suas próprias organizações politicas independentes como um partido operário, independente da burguesia, ao contrário do que defende o PSOL, que combata para eliminar a exploração capitalista e impor uma verdadeira democracia das massas, expropriando a burguesia, expulsando o imperialismo e instituindo as bases econômicas e políticas de uma sociedade socialista.

Leia nossa a tese na íntegra no site: WWW.CONGRESSOCSPCONLUTAS.ORG

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