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Questão negra

QUESTÃO NEGRA

13 de maio, a questão negra e a Copa do Mundo

22 May 2014   |   comentários

A 126 anos da abolição e a um mês da Copa do Mundo, passou mais um 13 de maio, data em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Essa data histórica foi utilizada para ocultar toda historia de luta e resistência dos negros, criando a mentira de que a “libertação” dos mesmos tenha sido uma concessão da elite branca vinda de Portugal e não algo arrancado com as inúmeras rebeliões negras que marcaram o Brasil colonial. Por isso hoje o dia que comemoramos o fim da escravidão é não mais o 13 de maio e sim o 20 de novembro, em homenagem à heroica luta de Zumbi e do quilombo de Palmares. Por mais que a burguesia brasileira cante aos quatro ventos que esse é o país da democracia racial e da miscigenação, a herança da escravidão queima na pele dos trabalhadores negros na violência policial, na falta de moradia, na saúde, transporte e trabalho precários.

No país todo não falta dinheiro para financiar as grandes empresas para megaprojetos da Copa. Consórcios de construtoras e empresas recebem grandes financiamentos subsidiados via BNDS concedidos pelo governo do PT, que vira as costas para os trabalhadores com o apoio das principais centras sindicais como a CUT e da CTB dirigidas pela burocracias sindicais ligada ao PT e PCdoB.

Ao passo que a copa do mundo se aproxima, a questão negra explode em todo o país. Hoje é fato que esse evento esta sendo construído sob suor e sangue dos trabalhadores, em sua maioria negros. Já em 2007, quando a Copa foi anunciada, uma onda de incêndios em favelas na cidade de São Paulo seguida por desocupações em todo o país que persistem ate hoje fez milhares de famílias vitimas que tiveram seus lares destruídos a serviço da especulação imobiliária e das obras para o megaevento. Essas mesmas famílias que vivem em condições sub-humanas, com esgotos a céu aberto, vulneráveis a todo tipo de doenças, quando necessitam de hospitais recebem a resposta dada pelo jogador Ronaldo: “Não se faz Copa com hospitais”.

Milhares de trabalhadores negros são super explorados nos canteiros de obras da Copa, sem segurança no trabalho, com salários miseráveis e jornadas de trabalhos extenuantes. Raimundo, Jose Antonio, Ronaldo, Antonio Jose, Fabio, Jose Afonso, Maciel e Marceleudo são alguns dos nomes de operários que tiveram suas vidas tiradas pelo lucro das grandes empreiteiras na construção de estádios.

O forte aparato de repressão do estado pra a Copa tem sua face mais escancarada nas UPPs do Rio de Janeiro, maquinas de repressão de pobres negros e brancos. Aí, a proporção de policiais para habitantes é 80 por 1, enquanto na Palestina a proporção do exército de ocupação do estado de Israel é de 100 a 1. Realidade essa agora ainda mais brutal com o acréscimo de 3 mil militares do exército para a Copa. Se na escravidão os negros viviam sob o chicote, hoje nas favelas vivem sob balas. A mídia burguesa tenta ocultar a violência policial, mas casos como os de Amarildo, Cláudia e DG têm tomado grandes proporções a cada dia e as UPPs são cada vez mais questionadas.

O que faz com que esse 13 de maio seja diferente dos outros e que para além dos ataques em grandes escalas aos trabalhadores, sobretudo aos negros, é que o proletariado vem protagonizando greves em todo o país, como a heroica greve dos garis do Rio de Janeiro, uma categoria precarizada de maioria negra. O combate ao racismo se da no dia a dia a partir de problemas comuns e cotidianos. A luta em defesa dos terceirizados de maioria negra é uma luta contra o racismo. Terceirização significa precariedade e acabar com esse método de exploração é avançar sobre o racismo e fortalecer a unidade das fileiras operárias. Os negros constituem praticamente metade população brasileira e isso faz com que suas demandas sejam demandas de todo o povo. Responder à questão negra desde uma perspectiva de independência de classe é parte das tarefas preparatórias da revolução no Brasil. Somente a unidade classe operária pode dar um golpe final no capitalismo e estabelecer bases para destruir o racismo e todos os tipos de opressões.

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